Adeus 2014... Olá 2015

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014



Passei dois meses sem escrever nada por aqui e meu último texto nem era "meu".
Mas acho que foi um tempo bom. Foi um período que eu precisava para repensar algumas coisas sobre a minha vida, sobre minhas escolhas e até mesmo sobre o blog.

Uma das coisas que tenho pensado muito nos últimos meses é "que tipo de pessoa eu sou?", "que tipo de pessoa eu quero ser?" e "que tipo de coisas eu quero transmitir?".
Lembro-me de 8 anos atrás (mais ou menos) quando um colega de cursinho que nunca tinha trocado muitas palavras comigo me disse assim: "mesmo sem nunca termos conversado muito, eu sempre gostei de você. Sempre senti uma energia boa e você me transmitia algo bom!". Alguns anos depois ouvi de um outro rapaz, no mesmo dia que o conheci, que eu tinha uma "luz" e transmitia algo muito bom.
Tenho pensado muito sobre isso. Sobre qual a minha missão e que tipo de pessoa eu quero ser no mundo. Isso me fez rever muitas coisas. Mas, definitivamente, não é algo fácil olhar para si mesmo todos os dias.

Este ano de 2014 foi muito bom. Emocionalmente eu cresci tanto. E tive tantos planos falidos, que estou buscando ser grata por eles também.
Nunca fui de fazer "resoluções de ano novo", embora sempre vi essa época do ano com olhos de reflexão. Mas minha meta para 2015 é a meta de crescimento pessoal e espiritual. Me tornar uma pessoa melhor de dentro para fora, voltar a trazer luz para outras pessoas e com as minhas próprias mudanças internas observar e planejar melhor minhas metas "macro" para ter meus sonhos mais perto de mim.

De forma objetiva, meus primeiros planos são:
- ler mais (ainda) e fazer a separação de livros por categorias (prazer pessoal, crescimento profissional e pessoal). Já mudei bastante meus hábitos de leitura esse ano.
- fazer um "diário de gratidão". Quero escrever todos os dias algumas coisas de que sou grata.
- valorizar sempre mais e mais as pessoas que nunca nos deixam e os amigos de verdade e mantê-los o mais perto possível
- ir mais à igreja

Acredito que essas poucas coisas, que partem diretamente de mim, podem refletir em todos os outros aspectos. E consequentemente, o blog voltará a ser mais ativo também!

Vem comigo em 2015 :)

Coisas importantes que você aprende em uma semana sem maquiagem

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Essa postagem ainda não é uma "Parte II" do texto sobre beleza, mas é uma parte complementar.
Não sou do tipo de mulher que vive de cara rebocada, mas confesso que sou um pouco neurótica quanto à olheiras e a cara pálida de doente. Por isso, pra qualquer lugar que eu vou - qualquer lugar mesmo!, eu sempre uso pelo menos um corretivo e um pouco de blush. Durante a semana eu não costumo me maquiar de verdade, então quando tenho a chance de sair fico feliz por poder usar um pouco mais.
Mesmo assim, no domingo passado quando fui ao cinema com o meu namorado estava meio "nem aí" e falei pra ele "Hoje eu não vou passar maquiagem, tá?"
Para a minha surpresa a resposta dele foi "Graças a Deus! Há anos eu estou esperando uma mulher me dizer isso!". Ainda não sei se essa resposta foi por não precisar ficar me esperando ou porque realmente não vê necessidade na pintura toda.

Mesmo assim, foi muito interessante ler dois textos no BuzzFeed essa semana. Um - o que transcrevo aqui hoje - é sobre uma mulher que vive de maquiagem e fez o desafio de "maquiagem zero" por uma semana. E a outra foi o oposto, não usa maquiagem nunca e resolveu usar por uma semana. Os dois textos são interessantíssimos e achei justo traduzir para o português e postar aqui. Sei que ficou longo, mas acho importante que nós, mulheres, enxerguemos que beleza é muito mais do que simplesmente acharmos que estamos "bem arrumadas". Eu não fiz aquela tal selfie sem maquiagem, mas essa é minha contribuição para a campanha "Stop the beauty madness".

Segue a experiência da americana (acho) Erin La Rosa:



Eu acho que existem várias hipóteses sobre pessoas que usam maquiagem – que elas são inseguras, que tem vergonha de si mesmas e são vazias (ou fúteis). Mas essa não tem sido minha experiência com maquiagem. No mais, maquiagem me dá confiança.
Eu uso maquiagem praticamente todos os dias da minha vida desde os meus 12 anos. Eu venho de uma criação em que se maquiar é simplesmente parte da rotina. Na verdade, acho que nunca vi minha mãe sair de casa sem maquiagem.
Então foi por isso que eu quis saber como seria passar uma semana sem usar maquiagem. Depois de 17 anos usando todos os dias, eu queria saber se a minha confiança iria se manter sem ela.
O que eu descobri foi que, embora eu tenha me sentido super desconfortável na primeira metade da semana, eu aprendi mais sobre mim mesma do que eu jamais imaginei.
Aqui vão algumas lições que eu tirei dessa semana:

DIA 1 – QUANDO EU PERCEBI O QUANTO ME SINTO DESCONFORTÁVEL COM A MINHA “CARA LIMPA”




Eu nem sei te dizer quantas “selfies” eu tirei até conseguir chegar NESTA que eu postei no Instagram. E quantas vezes eu mexi no meu cabelo para tentar esconder uma espinha que estava se esgueirando pela franja. Eu me senti aliviada quanto as pessoas comentaram que eu estava bonita sem maquiagem, mas na verdade eu não acreditei muito nelas.
Eu não sou uma pessoa insegura, ou pelo menos eu não sou  quando estou usando maquiagem. Fiquei surpresa de me sentir constrangida o dia todo no trabalho – esse não é um sentimento que eu estou acostumada. Meus colegas de trabalho me disseram que eu estava com uma aparência ótima e que a minha pele estava linda. Naquele momento, eu tinha certeza de que eles estavam mentindo apenas para me fazer me sentir bem. Eu também estava convencida de que todo mundo estava me encarando e examinando cada centímetro da minha pele.

Mais ainda, não usar nenhuma maquiagem talvez tenha me deixado parecer mais “acessível”.
Eu não sei como dizer isso, mas eu levei mais cantadas quando não estava maquiada, o que foi extremamente confuso pra mim!
No “dia 1” eu fui a um jogo dos Dodgers (baseball) e fiquei realmente surpresa quando caras aleatórios tentaram puxar conversa. Isso não acontece normalmente comigo. Talvez fosse a minha guarda que estivesse baixa, ou não usar maquiagem me fazia parecer mais acessível? Eu não tenho ideia, mas isso também não me fez me sentir mais confiante.

DIA 2 – QUANDO EU PERCEBI QUE NÃO TER QUE ME MAQUIAR ME DAVA MUITO TEMPO PRA DORMIR


Eu tinha tanto tempo livre que eu dormi uma hora a mais. UMA HORA! Eu não levo todo esse tempo para me maquiar de manhã, mas eu acabo passeando pelo banheiro enquanto me maquio. Eu faço café e vou passando rímel. Como um muffin e passo blush. Sem precisar fazer isso eu voltei a dormir. Eu dormi muito! Foi delicioso!

DIA 3 – O DIA QUE NASCEU UMA ESPINHA E EU DESCOBRI QUE SAIR SEM MAQUIAGEM EXIGE MUITA CORAGEM


Quando nasce uma espinha, eu cubro essa merda. Eu passo uma camada de base, depois corretivo, às vezes uma SEGUNDA camada de corretivo e finalizo com pó pra que nada saia do lugar. (Que o mundo saiba da minha aflição!).
Quando você não usa maquiagem, você fica encarando aquela espinha, dá uma choramingada e então tenta esconder com o seu cabelo. Não dá pra enganar os outros, tem uma espinha piscando por trás de todo aquele cabelo.
Não ter maquiagem nenhuma pra cobrir a espinha é bem assustador e se sentir bem com isso exige muita coragem. Eu não me senti corajosa naquele dia, mas acho que qualquer pessoa que escolha mostrar sua cara lavada pro mundo, com todos os defeitos e tudo mais, merece uma puta de uma medalha. Isso é tudo o que eu tenho a dizer.

O terceiro dia também foi quando me disseram a PIOR coisa que eu poderia ouvir.
Essa coisa foi: “Você parece cansada.”
Nunca diga isso a alguém! Magoa e não é nem um pouco legal!


DIA 4 – NÃO USAR MAQUIAGEM ME FEZ ME IMPORTAR MENOS SOBRE A MINHA APARÊNCIA, DE FORMA GERAL


A espinha ainda estava lá, como você pode ver na foto. E eu decidi pôr em cheque o meu conforto. Eu iria sair por aí e ver como estranhos reagiam a mim. Claro, meus amigos eram suficientes para me dar apoio, mas eu queria ver como os outros reagiam.
Eu fui buscar uma sopa e fiz questão de olhar todo mundo nos olhos – como se tentasse ler seus pensamentos. Eu não sei o que eu estava esperando. Ninguém se encolheu ou mudou de direção. Eles apenas encararam de volta. Posso dizer, porém, que as pessoas pareciam menos educadas comigo enquanto eu caminhava por aí. Ninguém segurou a porta para mim, e quando alguém esbarrava em mim nem sequer pedia desculpa. Não tenho certeza se foi apenas uma coincidência ou um resultado de não estar usando maquiagem.

DIA 5 – QUANDO MEU NAMORADO ME FEZ ME SENTIR BONITA, QUANDO NINGUÉM CONSEGUIU


Eu DETESTO o fato de que foi preciso que meu namorado voltasse para casa depois de uma viagem de trabalho pra que eu pudesse me sentir bem comigo mesma. E eu odeio ter que escrever isso. Mas eu disse a ele que eu não estava usando nenhuma maquiagem e ele me olhou desacreditado e disse “Você está incrível!”. “Talvez você não devesse usar maquiagem todos os dias.”
Isso me fez me sentir melhor do que todo o resto da semana. Acho que é porque eu sempre confiei na opinião dele. Tipo, se minha mãe estivesse na cidade e me dissesse a mesma coisa, eu também teria confiado nela. Independentemente de qualquer coisa, eu realmente me sentia bonita. Estava sendo apenas eu mesma. E eu nem pensei no fato de que estava de cara lavada o dia todo. Eu relaxei e toquei em frente.


DIA 6 – ESTE FOI O PRIMEIRO DIA QUE EU COMECEI A APRECIAR OS MEUS “DEFEITOS”


Não sei porque, mas sempre vi minhas sardas como um defeito. (Será que posso culpar a mídia? Sim, vou fazer isso!). A mídia nem sempre parece demonstrar muito amor por pessoas de pele pálida, com sardas e cabelos ruivos. E, quando criança, não tinha ninguém parecido comigo na TV. Me lembro de assistir “A Pequena Sereia” repetidas vezes quando era criança, mas mesmo ela tendo cabelo ruivo, a pele dela era totalmente sem nenhum defeito. Nem uma sardinha sequer.
E claro, eu cobria todas as minhas sardas com base. Mas, como estava sem maquiagem eu tinha que olhar pra elas todos os dias. Pra ser sincera, foi bem difícil no começo. Eu sentia que elas eram algo que eu deveria esconder. No dia 6 em diante isso mudou. Não sei bem o motivo, mas eu realmente olhei para as sardas e pela primeira vez me senti feliz. Elas pareciam combinar com a minha pele pálida e meu cabelo ruivo. Até minhas sobrancelhas claras faziam sentido com todas aquelas sardas. Isso foi... um alívio. Aprender a gostar delas e realmente poder vê-las foi algo que me mudou também: eu não cubro mais as minhas sardas com base.


DIA 7 – O DIA QUE EU REALMENTE PERCEBI QUE A MAQUIAGEM PODE, DE FATO, SER COMPLETAMENTE SUBJETIVA



Eu saí para tomar café com uma amiga no meu último dia sem maquiagem. Eu estava nervosa com isso, já que estávamos indo num lugar que estava na moda e eu provavelmente veria muita ~gente bonita~. Eu contei para a minha amiga que ainda estava na minha “semana sem maquiagem” e ela respondeu “Mas você está usando rímel, não?”. Eu não estava, mas ela achou que sim.
E isso me fez pensar sobre como a nossa aparência é muito mais sobre como nós nos sentimos com relação a nós mesmos. E a minha lindíssima colega de trabalho, Leonora Epstein, também comentou sobre como nós simplesmente assumimos que todas as pessoas que encontramos estão usando maquiagem, porque é algo comum de se esperar hoje em dia.
Maquiagem é algo que eu realmente gusto de usar. Me faz me sentir mais poderosa, do mesmo jeito que uma linda calça jeans nova pode te dar mais confiança ou acordar num “dia de cabelo bom”. Mas no fim, isso não tem de verdade muito efeito sobre as outras pessoas ao redor, como eu sempre achei que tivesse. A questão é COMO você se mostra, como pessoa. Isso é que vai mudar a forma como os outros te tratam, e não o que você coloca no seu rosto.
Quanto a mim, acho que eu nunca vou parar totalmente de usar maquiagem. Mas que seja dito, faz duas semanas que terminei o desafio e tenho usado uma quantidade significativamente menor de maquiagem. Desde então, eu até fui trabalhar algumas vezes totalmente sem maquiagem.


FAZER ESSE DESAFIO REALMENTE ME AJUDOU A ENXERGAR ALGUMAS COISAS

1)   Eu não PRECISO usar maquiagem todos os dias. Especialmente se eu quero dormir um pouco mais ou se simplesmente não estou afim de ficar maquiada o dia todo.
2)   A minha aparência não fica realmente diferente sem maquiagem. Quero dizer, um pouco diferente fica, mas bem menos do que eu imaginava.
3)   Contanto que você se sinta confiante, com ou sem maquiagem, as pessoas vão te tratar exatamente da mesma forma.
4)   Não usar maquiagem exige muita coragem, e me sinto feliz em dizer que agora eu me sinto muito mais confortável sem ter nada no meu rosto. (Além do meu verdadeiro rosto, claro).

E AQUI ESTÃO ALGUNS MANTRAS QUE EU VOU REPETIR PARA MIM MESMA (E VOCÊ PODE REPETIR PARA SI MESMA) TODA VEZ QUE EU ESTIVER SEM MAQUIAGEM:

**POR QUE VOCÊ É LINDA QUANDO NÃO USA MAQUIAGEM**
1)   Sardas não são defeitos. Elas são parte de quem você é.
2)   Confiança não vem da maquiagem, vem de você mesma.
3)   Maquiagem é uma ótima ferramenta. Mas a realidade é tão bonita quanto com ela.


PS: para quem quiser ler o texto original no BuzzFeed é esse aqui!

Resenha de leitura - Trilogia Divergente

terça-feira, 16 de setembro de 2014



Nos últimos meses eu desenvolvi um amorzinho por leituras young adult, pelo simples prazer da leitura agradável. Isso quer dizer que eu procuro não ser muito crítica com relação a esses livros e simplesmente aceitar o que a história me traz. Em geral, são leituras rápidas e agradáveis.

Algumas pessoas têm com o que eu chamo de “orgulho literário” e ficam cheios de querer encher o peito na hora de falar que não leem determinado livro ou repetem o quanto adoram aquele autor inglês do século 19.
Eu não tenho vergonha de dizer que já li, leio e lerei livros como Crepúsculo, 50 tons de cinza e outros best sellers sem muito conteúdo. Também não tenho vergonha de dizer que gostei, no que eles se propõem, como uma leitura de passatempo. Não acho que isso limita o meu gosto literário. Como também não espero destes livros nenhuma “reflexão para a vida”. De qualquer forma, existem vários young adults que tem feito seu papel muito bem como ficção crítica, como é o caso de Jogos Vorazes, por exemplo.
A série Divergente foi uma das minhas escolhas de leituras de férias para julho passado. Assisti ao primeiro filme no cinema, achei que os livros podiam ser uma leitura agradável e não me enganei. São três livros longos, mas que seguem uma linha de leitura bastante fluída. Como eu estava de férias e tinha bastante tempo, li os três muito rápido.

A história é uma distopia. Num futuro, após situações de guerras desconhecidas, o “mundo” está dividido em facções que cooperam para o bem e o equilíbrio da sociedade como um todo. Mas uma garota de 16 anos será a protagonista de um conflito e um segredo que colocará em risco a sociedade como todos conhecem. Humm, isso soa familiar? Sim!
Eu realmente não gosto – e não vejo sentido – de ficar comparando livros. Mas é realmente inevitável comparar a série Divergente com a série Jogos Vorazes. Claro que cada um tem suas particularidades e dramas, mas o pano de fundo para o desenvolvimento é o mesmo.
Eu, particularmente, gostei muito mais de Jogos Vorazes. Na verdade, como já comentei acima, acho que ele traz um contexto crítico muito mais forte (especialmente o primeiro livro) e personagens mais complexos e melhor construídos. Então, se você não leu nenhuma das duas séries e se interessou, sugiro que pare por aqui e busque Jogos Vorazes primeiro.

Mas falando das particularidades de Divergente. A sociedade é dividida em cinco facções – Abnegação, Audácia, Amizade, Erudição e Franqueza – em que cada uma tem seu papel político e social na estrutura da cidade, ou seja lá onde eles pensam que estão. Cada jovem deve definir qual será sua facção pelo resto da vida aos 16 anos. Para isso, é feito um teste de aptidão que indica uma das facções, mas cada um tem “liberdade” de fazer sua escolha pessoal, independentemente do resultado do teste. “Liberdade” entre aspas, pois se após a escolha a pessoa não se adaptar ao estilo de vida da sua nova facção ela é convidada a se retirar (uma forma delicada de dizer “expulso”) e se torna um “sem-facção”, que basicamente é a escória, não possuem nenhum papel social e vivem de esmolas e ações de caridade feitas pela Abnegação.

Beatrice Prior é uma garota cheia de complexos devido à sua criação reprimida no setor da Abnegação e tem uma surpresa ao fazer o seu teste de aptidão: ela se encaixa em três facções diferentes. Por sorte, quem fez sua avaliação resolve “ajudá-la” dizendo: “Você se encaixa em três facções e não apenas uma. Pessoas assim são chamadas Divergentes. Isso é muito perigoso. Não conte para ninguém sobre isso e vá para casa agora!”.
Ótimo, para uma menina que já era cheia de complexos, agora ela é um tipo de aberração perigosa e nem sabe o porquê.
Em resumo, mesmo vivendo com a culpa constante pela decepção de seus pais, ela escolhe ir para a facção da Audácia. Seus membros, além de serem a polícia local e vigiarem os muros da cidade, vivem basicamente para correr perigos desnecessários, escalar paredes e pular de trens.
Quando Tris (Beatrice) passa pelos muros da cidade, numa excursão com a sua facção, se dá conta de que os portões são trancados pelo lado de fora e não pelo lado de dentro. Então, seja lá o motivo de terem construído os muros, foi para mantê-los lá e não evitar que algo entre. Não vou entrar no conflito principal do primeiro livro, mas essa informação é o suficiente para que se dê todo o resto da história.
O segundo livro (Insurgente), embora seja longo, com 511 páginas, é quase um livro intermediário e apenas isso. A autora optou por enrolar e criar mais alguns mini conflitos na história apenas para que fosse uma trilogia, mas essencialmente era possível permanecer na mesma história com apenas dois livros. Mesmo assim, como a leitura é agradável e rápida, fico feliz por ela ter dado 500 páginas a mais de presente.
Apenas no último livro a história dá uma reviravolta e fica mais interessante novamente e é onde a autora tenta nos enfiar uma crítica ao mundo moderno, mas não acho que deu muito certo. De qualquer forma, promete um fim surpreendente e empolgante.

Por que eu gostei? Gosto de distopias, gosto de mistérios e gosto de livros que me deixam curiosa com o passar da leitura.

Por que eu não gostei? Mesmo que a construção da Tris tenha sido de forma a criar uma garota forte e corajosa ela ainda se encaixa muito nos padrões de personagens adolescentes “feia-complexada-apaixonada”. Não tenho problema nenhum quanto a isso, porque afinal, ela é, de fato, uma adolescente de 16 anos apenas. Só que não consigo evitar que isso me incomode. Tem algumas horas que ela quase idolatra o Tobias e dá vontade de gritar “Vai minha filha, você tem problemas maiores pra resolver agora!”. Mas talvez isso seja apenas porque eu gosto muito da construção da Katniss, de Jogos Vorazes. Que, embora traga uma pseudo-história romântica em forma de triângulo, nenhuma das atitudes ou pensamentos da Katniss foram no sentido romântico, ela sim é uma personagem muito forte.

Enfim, falei demais. Mas acho que o que queria dizer mesmo é que recomendo esta série, mas com o cuidado de se deixar bem aberto ao que ela traz. É um bom livro.

Títulos: Divergente (livro 1), Insurgente (livro 2) e Convergente (livro 3)
Autora: Veronica Roth
Editora: Rocco

Páginas: 502 (livro 1), 511 (livro 2) e 526 (livro 3).

E aí, beleza? - Parte I

quinta-feira, 4 de setembro de 2014



PRÓLOGO (sim, eu quero um prólogo no meu texto, ok?)

Eu normalmente levo de duas a três horas entre escrever um texto, revisar, revisar, revisar e finalmente postar. Mas comecei a escrever este texto há três semanas. Primeiro escrevi metade e desisti de terminar, mas então começaram a pipocar assuntos e discussões que me fizeram mudar de ideia.
Particularmente acho muito difícil falar sobre beleza em todos os seus sentidos. Por isso, este texto fica dividido em duas ou mais partes e por ora fico apenas na introdução de tudo o que quero falar sobre o assunto.



Certa vez, há muito tempo, o ex-namorado de uma amiga engatou um novo namoro pouco tempo após o término. E minha amiga - que para facilitar chamarei de Joana -, revoltada com a situação, veio me chorar as pitangas. Não julgo a coitada. Isso é bastante comum. Sempre tem alguém que dá "move on" primeiro e o outro fica lá, com aquela sensação de impotência. Mas o interessante mesmo foi a conversa que tivemos

Como qualquer outra pessoa que se sente traída com o fim do relacionamento, ela achava muito mais fácil descontar toda a raiva sobre a nova namorada do que sobre o ex. E me disse na conversa: "Eu não acredito que ele está com aquela menina escrota. Ela é muito feia. Na verdade ela é feia pra #$%!@ (use aqui seu palavrão favorito). É... Ele deve estar muito apaixonado mesmo, o amor é cego!".

A verdade é que eu não achava a tal menina feia. Mas não achei que aquele era um bom momento para discordar da minha amiga. Joana era mais bonita, é verdade, mas no sentido estereotipado de padrão de beleza. O que, obviamente, não tornava a outra feia de verdade.

Então parei para refletir sobre a expressão comum - e que tem até filme com o seu nome: "o amor é cego". O amor é cego? Será mesmo?
Não entrarei nos méritos dos motivos para o fim do relacionamento de Joana. Nem me lembro mais dos detalhes. Mas por que será que ela não reagiu de forma mais madura naquela situação do que simplesmente julgar algo tão superficial? Poderia ter levantado tantas coisas, refletido sobre tantas coisas. E mesmo com todas as possibilidades, o que a destruiu por dentro foi o pensamento de "como ele pode ter me trocado, eu sendo tão linda, por alguém tão feia?".

Uma outra situação parecida que vivi sobre o assunto foi mais pessoal. Quando eu e meu namorado oficializamos o relacionamento, a ex dele publicou um meme no facebook que dizia (não me lembro as palavras exatas): "Soube que meu ex já está com outra. Mas daí vi que ela é feia e que a vida se vingou por mim".
Não sei, acho que eu poderia ter ficado chateada ao ler isso, talvez essa fosse até a intenção. Mas, na verdade, eu achei tão engraçado que só consegui rir mesmo.

Até onde eu sei, a vida não é um concurso de beleza. Pelo menos eu nunca perdi ou ganhei nada por ser mais feia ou mais bonita que alguém.
Então por que algumas pessoas ainda acham que isso vale alguma coisa?
Que tipo de vingança a vida me deu, se mesmo depois de tanto tempo eu continuo tão feliz?
Por que o amor é cego, se vemos a vida de forma tão mais clara e ampla quando estamos apaixonados?

Tenho certeza, já aconteceu com todo mundo, pelo menos uma vez na vida, de conhecer alguém que parecia "feio" a primeiro momento e depois se tornou lindo.

A beleza padronizada, velada em maquiagens e roupas caras só te serve para fotos e a paquera na balada. Depois de algum tempo você precisa ter algo a mais para oferecer.
E ahhh, como há feios belos neste mundo!!

Resenha de leitura - 1 litro de lágrimas

sexta-feira, 15 de agosto de 2014



"Se houver uma pessoa que só fala uma ou duas coisas durante um dia inteiro, pode-se dizer que ela vive em uma sociedade? O pior é que eu estou me tornando uma pessoa assim.
Se houver uma pessoa que não consegue fazer nada sozinha e que só dá trabalho para os outros, pode-se dizer que ela vive em sociedade? Pois essa sou eu.
Quero ser útil para as pessoas; pelo menos, quero conseguir cuidar de mim mesma para não dar trabalho aos outros; preciso da ajuda dos outros, senão não consigo viver; sou apenas como um peso nas costas dos outros... essa é a minha vida!"
Aya, 19 anos


Meu Deus do céu... Se há algo para ser dito a respeito deste livro é: como este livro é triste!!! É de longe o livro mais triste que eu já li.
Era para ser uma das minhas "leituras de férias", mas mesmo sendo um livro bem curto (200 páginas) só terminei de lê-lo hoje, depois de mais de três semanas que eu comecei. Mas existem algumas justificativas para isso - além da tristeza profunda.
O livro é uma junção dos 46 cadernos de diário da garota japonesa Aya Kito sobre sua doença degenerativa. Na verdade não deixa claro se são os 46 cadernos redigidos integralmente ou apenas algumas partes. Achei que 46 cadernos para menos de 200 páginas era muita coisa, porém, não conheço nada sobre redação japonesa e o espaço que ela ocupa.
Não tem como eu fazer um texto para cada livro que eu leio ou li, mas este eu não poderia deixar passar.

Foi um livro totalmente diferente de tudo o que eu já havia lido na vida. Para começar que ele é realmente um diário e não uma história contada sobre as anotações do diário. Então não existe necessariamente uma linearidade cronológica de ideias e fatos. Algumas vezes a Aya passava dias ou semanas sem escrever e então citava algumas coisas importantes que haviam acontecido. Outras apenas descrevia como estava se sentindo naquele dia. Eu nunca li nenhum outro livro-diário (sim, eu nunca li O diário de Anne Frank e sinto que sou uma pessoa em débito com a vida por isso), então não sei se as diferenças de escrita são uma particularidade deste livro, mas demorei um pouco para me adaptar. Em alguns momentos eu senti falta de uma "história" realmente acontecendo, mas então procurava me lembrar de que o que eu estava lendo eram relatos reais de uma menina que sofreu muito.
A minha demora de leitura fica por conta dessa dificuldade de adaptação e porque, por ser muito triste, eu não conseguia ler mais do que algumas páginas por vez, me consumia muito.

Aya Kito foi uma menina que aos 15 anos foi diagnosticada com Degeneração Espinocerebelar. De forma geral, é uma doença muito grave, sem cura, que progressivamente vai "enrijecendo" e atrofiando todos os músculos do corpo, até que não se pode mais andar, comer ou falar. No entanto, não afeta a mente e nem a memória. Por indicação de seu médico, Aya começou a escrever um diário, tanto para registrar a progressão da doença, quanto para ela mesma sempre forçar movimentos.
O livro é dividido em capítulos ano após ano e podemos acompanhar como a doença foi devastadora em tão pouco tempo.
Aya consegue escrever, com muita dificuldade, até seus 20 anos e morreu aos 23.

É absolutamente impressionante ver a força e a posição que ela tomava perante a vida.
O que achei mais interessante de toda a jornada foi principalmente sua forma de aceitação e a constante busca por fazer algo valer a pena, mesmo ainda doente.
O começo do livro achei muito sofrida sua posição e toda a pressão que colocava em si mesma. Ela sempre foi uma menina muito inteligente e se dedicava demais aos estudos e seu futuro. Mesmo com a doença a deixando cada dia mais debilitada, suas mais profundas preocupações eram como ela iria se formar, como iria fazer faculdade, qual trabalho poderia realizar com tantas limitações e o que poderia trazer de bom à sociedade.
Com a doença se agravando a cada dia ela foi obrigada a começar a aceitar que esses sonhos não iriam se realizar. Até que aos 19 anos a vemos extremamente feliz por simplesmente ter conseguido tomar uma sopa sem se sujar ou ter ido ao banheiro a tempo, retratando isso como enormes conquistas.

"[...]acabei dizendo uma coisa muito idiota. Falei que adorava língua japonesa e inglesa e que me dava muito bem nessas matérias, estando sempre entre as melhores notas da turma. Não sei como tive coragem de dizer isso. Esta foi a última vez que falo algo assim. Querer me gabar pelas minhas notas me faz sentir mais miserável [...]
Além disso, ser inteligente é algo que deve transbordar de dentro de nós para que as pessoas percebam sozinhas e não algo que possa ser medido pelas notas nos boletins."
Aya, 16 anos.

Já li várias sick-lits (literatura sobre doenças e estado terminal) até hoje, mas posso afirmar que 1 litro de lágrimas foi diferente de tudo o que eu já li. Ele não traz uma "grande moral da história", muito menos algo esplêndido que sua protagonista tenha alcançado mesmo com a doença (como uma viagem à Amsterdã e viver um grande amor). Muito pelo contrário, a vida não reserva nada de bom a Aya. Vemos a doença como ela realmente é: algo cruel que tirou todos os sonhos de uma menina. Mas ao mesmo tempo é absolutamente encantador ver que, mesmo tendo consciência de seu sofrimento e sem nenhuma esperança, Aya ainda buscava se agarrar a vida com todas as forças e como ela tinha capacidade de enxergar as maravilhas nas pequenas coisas sem nunca culpar nada nem ninguém pela sua condição.

Além do diário, o livro também traz: dois epílogos, um de sua médica principal e um de sua mãe; um posfácio sobre sua morte, já que o livro foi lançado antes de sua morte; e um adendo sobre a doença nos dias de hoje, lembrando que minha edição é de 2013. Além de um pequeno folheto em páginas brilhantes com algumas fotos de Aya em fases da sua vida. Ou seja, é um livro muito instrutivo.

Depois de algumas pesquisas descobri que em 2005 também foi feita uma série de televisão baseada na história da Aya. É uma série japonesa de apenas 11 episódios, mas são longos, acho que 1 hora cada. Eu assisti o primeiro, considerando que tem aquela "pegada japonesa", achei bem legal. Só que para dar o ar televisivo a série fez algumas mudanças, inclusive indicando um possível romance (digo possível pois só vi um episódio). 

Recomendo muito o livro para todas as pessoas que gostam de sick-lit, para quem se interessa por conhecer doenças diferentes, para quem gosta de ler diários e para quem aguenta uma história triste, muito triste.
Já aviso que foi bem difícil conseguir comprar o meu. Rodei umas 5 livrarias diferentes e muitos sites até descobrir que a editora estava com problemas e sem previsão de retorno. Consegui comprar um novinho e lacrado na Estante Virtual, por R$29,90.

um pouco da nossa história

sábado, 9 de agosto de 2014

"and you'll come to me,
and you'll tell me about us,
and we'll start over"

Em abril de 2012 eu estava em um daqueles grandes jogos universitários. Era uma cidade tão pequena que nem me lembro o nome, quase em Minas, longe de tudo.
Estava doente, estava chata, estava me achando velha pra tudo aquilo, não queria estar lá. Não sei porque fui, mas fui.
No segundo dia eu acordei e decidi que iria embora, não tinha a menor ideia de como iria, mas iria.

Não tinha ônibus para Bauru, não tinha ônibus para quase nenhum lugar. Se eu pegasse dois ônibus, em seis horas poderia estar em Ribeirão Preto, era o mais próximo que eu tinha de “casa”. Mas mesmo assim não chegaria a tempo de pegar o último ônibus para Bauru.
Liguei para o meu amor, que era meu ex, meu amigo, meu confidente, mas que estava distante. Parecia uma louca, mas falei: “Preciso de você. Preciso ir embora daqui. Você pode me pegar na rodoviária no começo da noite e me dar um lugar pra dormir?”.

Eu sabia que ele já tinha alguém novo. Não era um namoro, mas era alguém. Eu não queria atrapalhar, não queria mesmo. Mas ele era a única pessoa que eu queria do meu lado.
Ele me buscou e passamos umas duas horas sentados de frente pro outro em silêncio.
“O que você quer de mim? O que você espera que eu faça?” – ele perguntou.
“Não sei” – respondi, com toda a sinceridade que pude encontrar e lágrimas nos olhos.
Dez minutos depois ele sentou do meu lado e me beijou.
Já tínhamos nos beijado muitas vezes e no futuro beijamos muitas vezes mais. Mas nunca esqueci daquele beijo em especial.

Quando acordamos na manhã seguinte, antes que eu fosse embora ele disse “Não podemos ficar juntos. Não consigo com essa distância. Não tem como dar certo”.
Eu respondi “Eu sei. Não tem como dar certo agora. Eu sei que você não consegue. Mas a gente sempre acaba junto no fim da história”.
Fui embora.

Um mês depois ele começou a namorar. E eu decidi que era tudo uma bobeira que eu deveria deixar para trás. Decidi que iria me apaixonar de novo. E me apaixonei. Durou três meses e foi uma paixão forte o suficiente pra me fazer acreditar que naquela manhã eu estava errada, que o fim da história já tinha sido faz tempo. Mas essas paixões sim, são uma grande bobeira às vezes.

Dia 24 de dezembro do mesmo ano eu estava arrumada e maquiada para a noite de natal. Mas me bateu uma saudade sem tamanho.
Tínhamos brigado feio quase dois meses antes. Jurei para mim que nunca mais. Nem como amigo.
Não tinha mais o número de telefone e nem o facebook dele, mas tinha o e-mail. Mandei sem esperar nenhuma resposta:
“Só gostaria de desejar um Feliz Natal e que 2013 te traga felicidade e paz, o resto é consequência. Espero que esteja bem e que este e-mail não te atrapalhe. Sinto saudades”.

Esse foi o momento da minha vida que eu deixei de lado todo o orgulho, todas as expectativas, todo o passado, todos os planos um dia feitos e simplesmente escolhi desejar um feliz natal pra quem eu amava, de coração. Não por mim, mas por ele.
Cinco minutos depois chegou uma mensagem no meu celular, um número 11, que eu não tinha mais. Foi o momento em que meu coração parou por alguns segundos e senti um medo maior que eu.
“Feliz natal gorda! Pra você e toda a sua família! Você não sabe como me deixou feliz com esse e-mail, foi o melhor presente que eu poderia ganhar! Se quiser, podemos conversar depois? Beijos”.

Passamos uma semana trocando mensagens. Faltava coragem até pra uma ligação.
Dia 12 de janeiro de 2013 ele veio me visitar.
Dia 11 de fevereiro fomos passar 17 dias na Disney.
E desde então não passamos um dia sem nos falar, nos vemos todos os fins de semana e sentimos que é infinito. Sentimos, sim, no plural, porque o amor não é sozinho.

Precisei esquecer do que eu queria para entender que o amor vem quando é pra ser completo.
Se ele me perguntar hoje novamente “O que você espera de mim?”, eu sei o que responder:
“Espero que você se lembre todos os dias de me amar por mim. Porque todos os dias eu te amo por você”.

O amor vale a pena

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Ele escreveu 365 cartas pra ela, sem nenhuma resposta
Porque valia a pena

Eu não sou o tipo de pessoa que sai por aí puxando papo com Deus e o mundo. A verdade é que em algumas situações eu sou bem reservada e gosto de ter momentos bobos do dia a dia pra mim. Gosto de ouvir música no ônibus, quieta na minha, e também gosto de ficar calada na fila do mercado, tentando lembrar se está faltando alguma coisa.
Mas isso não significa que eu seja antipática ou grossa quando um desconhecido puxa conversa.

Foi numa das minhas rotineiras viagens Bauru/São Paulo que conheci um senhor muito simpático.
Por mais que eu me esforce não consigo lembrar o nome dele e fico triste por isso, mas nunca vou me esquecer da nossa conversa.
Ele me contou um pouco da sua vida (ou muito dela). Disse-me o quanto era grato por tudo e se sentia realizado por tudo o que conquistou. Contou sobre seus filhos. Contou sobre sua esposa e seus problemas. Pelo que eu entendi, sem entrar em detalhes, há anos ela sofre de uma síndrome do pânico e isso dificulta muito a vida deles na capital. Por isso ele mantém uma casa de descanso no interior e sempre leva a mulher quando percebe que ela está precisando. Contou tudo isso com muito carinho e eu percebi o quanto ele era feliz por poder fazer um pouco por ela.
Ele também me contou como acha importante as pessoas tomarem a decisão de se casar e começar uma vida juntos, que não vê sentido em viver sem isso. E eu pensei em como os relacionamentos modernos poderiam ser melhor construídos se tivessem exemplos como este homem.

Achei interessante ele estar me contando sua jornada de trás para frente, mas ainda não sabia bem onde ele ia chegar.
Então ele me contou de quando saiu da sua cidade natal e resolveu ir para São Paulo. Quando perguntei o motivo já fui esperando a resposta clássica "para tentar a vida". Qual foi minha surpresa quando recebi um "para esquecer uma moça".
Acho que a minha primeira reação foi rir um pouco, nem sabia o que comentar.
Acontece que ele era o melhor amigo de uma moça, mas se apaixonou por ela. Quando se declarou ela disse que não sentia o mesmo, que eles eram apenas amigos. Foi quando eu descobri que há 50 anos já existia a friendzone.

Eu perguntei meio incrédula "mas você foi embora só por que ela disse que não sentia o mesmo?". Ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo - e de fato era: "eu era apaixonado por ela, como poderia vê-la todos os dias depois disso?".
Algum tempo depois na conversa ele me contou que essa moça havia falecido há uns 3 ou 4 anos e que ele ficou muito triste por isso. Achei estranho ele ainda ter mantido contato, mas ele explicou que não tinha. Que sempre teve alguém que o manteve informado sobre ela. Exclamei "nossa, você gostou mesmo dela!" e ele falou o que eu jamais vou esquecer:
"Nunca deixei de pensar nela. Nem um só dia da minha vida. Amo minha mulher, amo a vida que construímos e nunca trocaria isso por nada. Mas nunca senti por ninguém o que ela me fez sentir".

Essa conversa me marcou tanto.
O que faz alguém desistir de um amor? Desistir de tentar...
Minha história com meu namorado é realmente maluca. Vivemos muitas coisas até chegarmos onde estamos hoje. E até conseguirmos definir em palavras o que tínhamos. Levou anos e muitos tapas na cara. Mas uma coisa nós concordamos e não podemos negar: só estamos juntos hoje porque eu insisti.

Por muito tempo eu me senti mal com esse pensamento. Pensava que estava errado ter sido eu, a mulher, quem ficava colhendo os cacos e juntando toda vez, insistindo de novo e de novo. Mas esse pensamento é uma bobeira machista.
E hoje eu sei porque nunca desisti. Porque toda vez que ele me perguntava "por que acabamos juntos de novo?" eu respondia "porque vale a pena". E essa é a resposta: porque vale a pena.
Porque eu não quero daqui 50 anos lembrar de um amor que eu não vivi, porque não ouvi a certeza do meu coração.

Resenha de leitura - O Castelo nos Pirineus + Novidades

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Começando do começo....
Depois de muito tempo o blog está de cara nova, cores novas e um ar mais clean! Gostaria de agradecer publicamente ao meu namorado que gentilmente se propôs a dar essa arrumada na casa, já que eu não entendo muito da tecnologia por trás do que eu escrevo aqui. Obrigada, meu amor! S2

E cara nova pede também novidades! Por isso estou iniciando hoje o projeto "TAG Eu Li".
Desde o ano passado o blog foi tendo uma decaída na quantidade de textos publicados, tanto pela falta de tempo quanto pela falta de inspiração. Textos pela metade que ficaram pelo caminho é o que não falta. Vou te dizer, é bem difícil ser feliz no amor e manter uma inspiração para escrever. Mas estou tentando voltar à ativa. Pensando nisso achei que seria legal compartilhar minhas impressões pessoais sobre minhas leituras. Então toda vez que eu utilizar a TAG Eu Li vou falar um pouco sobre algum livro.

Sem mais delongas, vou começar com a primeira TAG.
Livro: O castelo nos Pirineus
Autor: Jostein Gaarder


“Claro que chorei no trem. Chorei até chegar a Bergen. Não entendi mais nada. De repente, eu só sabia que nós pensávamos de modos diferentes, mas não conseguia compreender por que não podíamos conviver com isso. Obviamente não éramos o primeiro casal do mundo a acreditar em coisas diferentes. Ou você acha que um crente e um descrente não podem de modo algum viver sob o mesmo teto, como marido e mulher? (…) Eu pergunto: o que é o mundo, Steinn? O que é um ser humano? E o que é essa aventura estelar em que nadamos como pequeninas pérolas encantadas de consciência?”

Já faz tempo que li este livro, mas, mesmo não estando tão fresco na minha memória, resolvi começar a TAG com ele por alguns motivos que achei justo. Dei de presente a um amigo alguns dias atrás e isso me fez relembrar sua doce história e como me foi uma leitura agradável. Sou um pouco suspeita para falar pois, até que alguém ou outros livros me façam mudar de ideia, Jostein Gaarder é meu autor favorito. Ele tem cerca de 20 livros publicados, infelizmente, ainda não consegui ler todos, mas sempre que posso comprar/ler algum faço sem nenhum medo pois já tenho certeza de que vou gostar.
Como a maioria das pessoas, o primeiro livro dele que eu li foi O Mundo de Sofia, quando tinha 14 anos. Que, embora seja o livro mais vendido da história da editora Cia das Letras, é um livro que fica bastante dividido entre amor e ódio dos leitores. É quase um livro didático de filosofia, com um romance de pano de fundo. Eu gostei porque sempre me interessei por filosofia. E foi desde então o que me abriu portas para os outros livros do autor.
Mas não estou divagando aqui à toa. Faço estes comentários pois quase todos os livros dele vêm subtitulados como "do mesmo autor de O Mundo de Sofia" e muitos não tem uma relação direta com ele. Gostaria que as pessoas não ficassem tão propensas a relacionar o autor a um único livro. Mesmo quem não gostou deveria dar uma nova chance a outros livros dele como O Pássaro Raro ou O dia do Curinga.
Falando mais um pouco sobre o autor - e eu juro que estas informações complementam a minha visão sobre o livro -, é um norueguês, filósofo e teólogo, que usa e abusa destas três características para seus livros. Mesmo quando ele não fala diretamente sobre filosofia (como fez em O Mundo de Sofia) gosto de como ele se utiliza de construções filosóficas para dar firmamento a suas histórias.

O Castelo nos Pirineus conta a história de um casal, Solrun e Steinn, que se reencontra 30 anos após um fim abrupto de um relacionamento intenso. O reencontro se dá ao acaso, ambos com suas vidas construídas e, ao perceberem que tomaram caminhos tão distintos, resolvem manter contato e discutirem um pouco sobre o passado, a vida e tentarem entender o motivo da separação.
A doçura do livro se dá no que para muitas pessoas seria motivo de guerra: a antítese de seus personagens principais. Solrun é uma mulher muito religiosa, que acredita na transcendência do espírito e da alma e em mistérios sobrenaturais. Já Steinn é totalmente cético, crê apenas na razão e na ciência.
O livro é curto (apenas 177 páginas) e não possui um narrador exclusivo. Todos os capítulos são baseados em trocas de e-mails entre Solrun e Steinn. Sei que parece bobo e cansativo, mas é uma leitura muito agradável.A maneira como eles se tratam é muito cordial e carinhosa, deixando claro que, o que quer que tenha acontecido no passado, o relacionamento foi muito puro e bonito. Embora suas visões de mundo sejam completamente antagônicas, cada um explana sua ideia de maneira clara, educada e compreensiva, sem tentar passar por cima da concepção do outro. O que é uma surpresa no mundo em que vivemos quando se trata de visões opostas entre ciência e religião. A cereja do bolo é o final surpreendente e o mistério da mulher-amora que cerca a história.

É uma leitura fácil, agradável e muito instrutiva. É um romance moderno que trata de assuntos contemporâneos, mistérios, religião e ciência sem pender a nenhum lado clichê. Por ser uma leitura rápida, recomendo mesmo a quem não está muito familiarizado com o mundo dos livros ou quer iniciar.

Nota pessoal: 9,0

(in)diretas sociais

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mundo, me desculpe precisar escrever um texto sobre isso, mas se publicar no facebook fica parecendo indireta... E é!! Se liga, mané!

Já diz o dito popular "ninguém é de ferro", então todo mundo acaba extrapolando um pouquinho na vida ou nas redes sociais. Mas eu disse um pouquinho. Certas coisas não dão mais para encarar. A gente usa facebook, twitter, blogs e sites de notícias todos os dias e com o tempo algumas coisas começam a doer na alma - ou nos olhos.
Este pequeno texto - ou não - é para falar um pouco do que tem me incomodado nesse mundo internético.

O gato maldito que virou meme (e não é o Grumpy Cat, porque ele é amor)
Adoro gatos, mesmo. Mas esse tem me dado até pesadelo. Nem preciso colocar uma foto aqui porque todo mundo sabe que gato é.
Brasil, quem disse que aquele fdp daquele gatinho piadista é engraçado??? (em negrito e não caps lock, porque sou educada e não grito).
De verdade, chega com esse gato, né?! Já andei excluindo uns "amigos" de facebook que passaram dos limites humanos de compartilhamento. Os dois primeiros que eu vi dei uma risadinha do tipo "há", depois do terceiro eu comecei a me perguntar qual a graça e agora eu já acho, no mínimo, duvidoso o tipo de senso de humor da pessoa que compartilhou.
Memes são legais, mas é preciso ter limites. Apenas, pare!



O miguxês nosso de cada dia
Já evoluímos tanto na nossa escala de tempo no mundo virtual. Passamos por ICQ, mIRC, bate papo uol, orkut, msn....
Simplesmente não dá para acreditar que ainda tem gente que ixcrevi axim.
Graças ao meu bom gosto e seletividade não tenho amigos que me fazem passar essa vergonha. Mas participo de vários grupos no facebook  e alguns deles eu preciso muito contar até dez e manter a postura para evitar ser excluída por dar bafão. Mas eu acho que se a pessoa escreve errado/miguxês eu deveria ter todo o direito de ser grossa e mandar um Hadouken por comentários para ela. Apenas acho.
Ia colocar um print de caso real de um grupo que sou bastante ativa. Mas tinham tantas palavras absurdas que não consegui escolher um para printar e não quis estragar o blog com miguxês.

O estrangeiro que não sabe de nada-inocente
Todo mundo tem pelo menos um amigo (no meu caso, muitos) que está no exterior por lazer ou intercâmbio ou morando mesmo. A maioria desses amigos acaba fazendo postagens bilíngues. Não tenho problema nenhum com isso. Já passei por essa experiência e acho até legal por questão de educação, uma vez que acaba fazendo amigos gringos e esses podem acompanhar e entender suas postagens. O meu único comentário a respeito é: tenha certeza de que você está escrevendo em outra língua corretamente.
Porque - dica de amigo - se você está em outro país para aprender/praticar inglês e escreve isso "This night I to go dance", tem alguma coisa que não está funcionando.

Fotos que não são fotos
Eu sei que o facebook tem uma opção de privacidade onde você pode autorizar ser tagueado numa foto, mas eu não sou tão pop assim, nunca vi a real necessidade de partir para essa opção. Mas PQP como eu odeio ser marcada em foto que não é foto. Não me interessa se é flyer de festa, promoção da loja da tia, evento da atlética, divulgação do seu banho e tosa...
Querido amigo, se eu não estou na foto (ou se nem é foto), não me marque. Simples assim. Eu ou apagar e denunciar. Você não vai fazer divulgação às minhas custas. Quer me avisar? Marque-me nos comentários ou manda um inbox. Se eu achar interessante às outras pessoas seu evento/promoção/negócio, eu mesma vou me encarregar de compartilhar.

Para finalizar, qualquer coisa em excesso é irritante. Muito sobre política, ou copa, ou feminismo/machismo/feminazi, ou religião, ou comida, ou academia, ou cachorro, ou ou ou...
Todo mundo tem um hobby/paixão, mas gente chata é outro nível.
E, no fim das contas, pode ser que a maior chata seja eu e preciso dar uma pausa na vida-social-virtual.

hashtagFim.


Uma carta para mim mesma 10 anos atrás*

sexta-feira, 25 de abril de 2014



Oi Gabby!
Você ainda gosta que te chamem assim, né? Já vou começar com essa dica: pare. É feio, é brega. Seu nome é Gabriela e "Gabi" é muito mais bonito.

Quem está falando aqui sou eu, ou melhor, você. Você mesma daqui 10 anos. Tenho algumas dicas básicas de sobrevivência e ahhh... se essa carta pudesse chegar até você. Mas se não chegar, não se preocupe. Vai sobreviver. É que você sabe, continuo sendo meio exagerada.

Então começando...
Você tem 15 anos, aceite: você não é adulta. Você é imatura em muitos sentidos e tão adolescente quanto qualquer outra garota de 15 anos. Esquece esse lance de "maturidade" e "agir como adulta". Isso não vai te levar a lugar nenhum. Aproveite sua doce e boba adolescência porque vai ter muito tempo nessa vida pra precisar ser séria.

Use mais cores! Que coisa chata esse armário cheio de roupas pretas. Nem gordinha você é pra querer disfarçar. A vida fica melhor com algumas cores, mas tudo bem... Talvez você só entenda isso daqui um tempo mesmo.

Vá visitar a Nathy! Você não sabe ainda, ninguém sabe, mas daqui algum tempo ela não vai mais estar aqui... E eu sei que você sente saudades dela.

Daqui um tempo você vai ter seu primeiro namorado. Mas não se empolgue muito. Embora ele seja um cara sensacional, não vai durar nada e você nunca vai entender por que namorou.
Depois disso você vai conhecer um outro cara muito legal e vai se apaixonar. É, ele toca violão, faz umas piadinhas engraçadas, é inteligente... Mas não se engane de novo. Vai dar merda. Só que antes de dar merda vocês vão passar quase 3 anos juntos. Aproveite e guarde só as lembranças boas! Porque o passado é seu e ninguém tira, nem a merda. Vai por mim. Vai demorar um tempo pra você perceber, mas não vale a pena guardar o que nos faz mal. Se você puder se tocar disso agora, aos 15 anos, me faria um grande favor.

Eu sei que você gosta muito de química e já pensa em fazer disso a sua carreira. Mas se você puder ouvir bem um conselho dessa carta, eu peço que seja este: vá fazer um curso de engenharia. A dificuldade é a mesma e o seu salário vai ser, no mínimo, três vezes mais alto. Confie em mim, eu sei o que estou falando. Esse mercado de trabalho fez curso com a vida no sentido de querer te sacanear. E, por algum motivo, pra ele ter o título "engenheiro" na frente do nome faz uma boa diferença.

Controle a sua alimentação, faça mais exercícios e use hidratante diariamente. Não que você vá ser gorda daqui 10 anos, mas acredite quando eu digo: magrinhas também tem estrias e celulites depois de um tempo.

Pare de brigar tanto com o seu cabelo. Aproveite esses cachinhos porque daqui 5 anos seus hormônios malucos vão relaxar e seu cabelo vai voltar a ser liso.

Ouça a nossa mãe! Ela é muito esperta! Eu sei que tem coisa que ela fala e que parece bobeira, mas eu juro que ela está querendo ajudar!

Aproveite suas tardes livres e vá aprender outra língua, além do inglês. Ninguém está dando muito valor pra isso agora, eu sei. Mas daqui 10 anos, só uma língua a mais não vai ser suficiente.

Cuide de você e acredite: "você é linda". Eu sei que tem dias que a sua autoestima está no lixo (infelizmente você ainda acorda assim alguns dias, mesmo aos 25 anos). Mas com o tempo você vai perceber o quanto a beleza é superestimada. Esses estereótipos todos são pura bobagem. Cada um é lindo do seu jeito e você precisa acreditar nisso. Pare de seguir modinhas porque elas não combinam com você.

Não se junte a pessoas de caráter duvidoso. Você vai encontrar pessoas na sua vida que parecem legais, mas não são. Aprenda a perceber isso o mais rápido possível. Dica: uma pessoa que sacaneia outro, vai um dia te sacanear também.

Mesmo assim, aprenda também que "segunda chance" deve ser um direito de todos. É verdade, as pessoas não mudam, mas elas crescem. E você vai se arrepender de algumas coisas também. Quando se arrepender ou perceber que estava errada tenha humildade de assumir. Orgulho é um sentimento que as pessoas se enganam achando que é bom.

Ah, por favor, desapegue da ideia de que você toma as decisões para a sua vida. Esqueça, garota... Ninguém consegue decidir como vai ser a vida. O que a gente faz são escolhas baseadas no que pode ou não acontecer. E na maioria das vezes não acontece como esperávamos. Compreender isso desde cedo evita muita frustrações.

Saiba a hora de ficar quieta e dê mais valor ao seu silêncio. Nem todas as pessoas compreendem a transparência e muitas coisas não merecem ser ditas por impulso.

Você enche o saco do seu pai com tanta coisa. Procure uma oportunidade e comece a encher o saco pra conseguir uma viagem! Depois da sua primeira viagem internacional você vai se apaixonar por esse mundão e não vai mais querer parar. Só que essa primeira viagem só acontece nos seus 21 anos. Se você conseguir visitar outros ares antes disso, melhor pra você!

Pare de se depilar com gilette! Vira macho, menina! Cera quente dói, mas facilita a vida. Mas você é muito frouxa mesmo.

Seja cautelosa com o seu fotolog e seu orkut. Tudo na internet vira uma praga e você vai ter muita vergonha de algumas coisas no futuro.

Não se desespere. Eu sei, a ansiedade, a necessidade de controle, a afobação é grande às vezes. Mas não vale a pena. Ainda mais quando se é tão jovem. A grande maioria dos problemas da vida são absolutamente passageiros. O tempo é o seu melhor amigo.

Por falar em amigos... Alguns vão se afastar. Você vai ficar triste com isso,  porque, afinal, é mesmo triste. Mas não os julgue por isso. A vida é assim e você também vai se afastar de alguns. O importante é que você saiba dar valor aos que ficam e tente manter um pequeno contato com carinho com os que estão mais longe.

Pare de se culpar. A vida vai passar, a escola vai passar, a faculdade vai passar e você ainda vai procurar coisa pra se culpar. Mas hoje eu sei, não vale a pena. Eu já falei que você não tem controle sobre o futuro. Então, acredite: as coisas acontecem e a culpa não é sua.

Enfim, Gabby... Tenho tanta coisa pra falar. Queria mesmo te encontrar e poder contar, mas estragaria a surpresa. Então o que eu quero mesmo dizer é: divirta-se!

Um beijo,
Gabi - você mesma aos 25 anos



(*) "Uma carta para mim mesmo 10 anos atrás" é um projeto do site Hypeness.