Se tem um tipo de relacionamento que eu nunca entendi são os
relacionamentos ioiô, ou bumerangue, ou qualquer outro tipo de objeto lúdico
que você queira usar para descrever. Pessoas que “vão e voltam”, você nunca
sabe se estão juntos.
Não estou falando de pseudo-relacionamentos. Não é sobre
pessoas que ficam, se divertem por um tempo e depois somem. O “ir e vir” em
pseudo-relacionamentos antes de se estabelecer faz parte do processo.
Estou falando sobre os relacionamentos “sólidos”, com status
no facebook, porta-retrato no quarto e almoços em família. Quando esses lindos
casais Doriana estão mais para chocolate fora da geladeira, que derrete e
endurece até estragar.
Talvez porque eu nunca tenha vivido essa situação,
simplesmente não faz sentido.
Em geral, é fácil identificar esses casais. Quando há mais
brigas do que momentos agradáveis, mais cobranças do que abraços e mais ciúmes
do que respeito é porque tem algo de errado. Depois de um leve showzinho,
termina. Após dois, três, quatro dias, em alguns casos uma semana, a raiva
passa. Aí, reata.
Amigo, o que passou foi a raiva, o momento, o ciúme fervendo
na veia naquela hora. Mas os problemas não foram resolvidos.
Promessas de amor e “sexo de reconciliação” não resolvem o
que tem de errado.
Quem sou eu para julgar o sentimento de alguém? Não duvido
que possa haver paixão, mas quando vejo casos assim, quase sempre chego na
mesma conclusão: eles parecem estar juntos pelos motivos errados.
Casais que não conseguem permanecer juntos por 6 meses
consecutivos, sem terminar, tem algo de estranho. Casais que não conseguem
fazer isso por 3 meses tem algo de muito estranho.
Afinal, você está num relacionamento ou num campo de
batalha?
Há anos me pergunto qual a graça nisso. É mais emocionante?
Cada vez que volta reacende alguma coisa? Me desculpe, mas se alguém precisa
terminar para encontrar emoção, tem algum sentimento ou ideia muito torta no
meio disso.
Na adolescência via amigas jogando a aliança na cara do
namorado umas duas vezes por mês. Achava que era coisa da idade, hormônios à
flor da pele e namorinho de criança. Triste é que continuo vendo isso acontecer
com adultos de 25 ou 30 anos. Claro, o arremesso de aliança se torna muito
menos frequente depois de certa idade, mas o vai e vem é o mesmo.
Perguntando a algumas pessoas o que elas achavam sobre o
assunto, recebi respostas muito radicais, como por exemplo “quem faz isso é
tosco” ou “quando termina uma vez, não tem mais volta de verdade, fim”.
Acho que é de consenso geral que esse vai e volta soa como
imbecilidade e imaturidade. Mas, por que é tão comum, mesmo com pessoas que
estão verdadeiramente dispostas? Deve existir alguma outra razão. Recuso-me a
aceitar viver num mundo em que “eu te amo” e “não consigo mais
olhar na sua cara” possam estar em equilíbrio entre duas pessoas.
Numa realidade em que as relações se tornaram tão
banalizadas. Com tanta falta de respeito pelo outro, em que relacionamentos
instantâneos são criados em baladas e quatro semanas junto é quase uma vida. Fica
difícil para alguns manterem o bom senso até quando decidem, por vontade
própria, estar com outro oficialmente.
Não acho que eu seja um “exemplo de maturidade”, mas sou sempre a favor da paz. Não sou de brigas e não acho que brigar seja algo normal.
Concordo que algumas discussões fazem parte de um
relacionamento, mas o foco deve ser encontrar o problema e resolver. A
discussão vira “briga” a partir do momento em que o foco é insultar ou machucar
o outro, ou apenas “jogar as verdades na cara”.
Continuo não entendendo o que leva um casal a terminar e
voltar tantas vezes. Mas se as brigas são os catalisadores do ioiô, só o que
posso fazer é recomendar suco de maracujá e sessões de yoga.