A lágrima que evapora

terça-feira, 24 de agosto de 2010


Estou com 167352 problemas nos olhos, usando 4 colírios diferentes várias vezes por dia, proibida de usar lente por tempo indeterminado e semi-proibida de usar maquiagem.
Tudo começou com uma falta de lubrificação que eu tenho... Isso é algo absurdamente irônico, levando-se em conta o quanto eu sou chorona. Acho que eu sou a pessoa mais chorona que eu já vi na vida (dados com crianças acima de 3 anos).


Mas sabe quando você sente uma dor, uma dor que dói tanto, tanto... que você não consegue chorar? É uma coisa muito rara, mas acontece.. Eu gostaria de saber se tem alguma explicação científica pra isso. Eu acho que essa lágrima de muita dor tem uma constituição química diferente e aí ela simplesmente evapora antes de sair dos olhos.
De qualquer forma, seja pela constituição química ou não, posso dizer por experiência própria que é muito ruim essa sensação de chorar sem lágrima, de dor sem expressão.
Minha bisavó dizia que chorar faz bem pro pulmão. Nunca nenhum médico me disse se isso procede ou não, mesmo assim, é um fato que faz bem pra alma.
É como carregar tanta coisa dentro de você, não aguentar e vazar. Claro, a dor não vai embora (nem a alegria, quando o é), mas ameniza no momento. [Fora as crises subsequentes de enxaqueca fortíssimas, mas já é algo tão normal pra mim que simplesmente faz parte do processo].
Mas, voltando à questão da lágrima que evapora... Se você nunca viveu isso, torça pra continuar sem viver. É um peso na alma, um aperto no coração, em geral você fica estático - aquela calma que só o desespero dá - e aí, quando você deseja MUITO uma pequena lágrima sequer pra tentar jogar um pouco disso tudo pra fora... nada. Frustrante.
O mais bizarro é que quando a lágrima resolve finalmente vir, é sempre num momento completamente inapropriado (como no meio da sua aula mais chata). É quando o seu cérebro começa a processar a informação (claro, porque você não está prestando atenção na sua aula).
E aí, já não se tem aquela calma do desespero e começa o desespero tátil, em que se quer gritar, mas não pode; quer chorar e pode, mas não deve. São muitas consequências ruins pra uma pequena porção de solução salina que simplesmente evaporou.
Particularmente, não quero mais sentir isso.


Se você achou esse post depressivo foda-se, me desculpe. Repito pela terceira vez seguida que prometo que vou melhorar.


Para opiniões sobre lágrimas, histórias de lágrimas que evaporaram, me fazer rir ou chorar, utilize o campo de comentários abaixo. Obrigada.

PS: aproveitando o post depressivo, quero apenas deixar uma pequena homenagem e meus sentimentos em relação ao Vitor Hugo. Infelizmente não tivemos muito mais contato nos ultimos anos, mas foi uma pessoa muito agradável e alegre que tive a oportunidade de compartilhar alguns bons momentos...
Vitor Hugo, esteja com Deus nesse momento, olhando por nós!

Por que ver, ouvir e falar o que machuca?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


O ser humano por acaso carrega um gene de sado-masoquismo no meio de tantos outros? Não é possível. Por que temos esse péssimo hábito de procurar pelo que machuca??? Não faz o menor sentido.
Na verdade eu tenho uma teoria... Acho que é uma teoria meio furada, mas é uma teoria. Eu a uso talvez pra tentar compreender a mim mesma ou tentar dar uma razão pra algo que não faz bem. É o seguinte:
É preciso buscar algo que machuca pra evitar se iludir com isso. Eu explico: sabe aquele ditado de que "o que os olhos não vêem, o coração não sente"? É mais ou menos isso com a finalidade reversa. É preciso ver, simplesmente porque é preciso sentir. Se a pessoa não sente que aquilo está de fato fodido errado, ela cria uma ilusão de que pode estar certo. Deu pra entender? Eu disse que era uma teoria meio furada.
Porém, mesmo com essa péssima teoria, ainda não faz sentido... Por que querer se machucar? Ou seguindo a teoria, por que precisar se machucar? Não seria muito mais simples entender que tal coisa está de tal forma e pronto? É preciso mesmo ficar se auto-flagelando pra poder acreditar que está assim?
Eu não sei se eu estou conseguindo me fazer entender nesse momento. Estou morrendo de sono e resolvi escrever esse post correndo, sem nem pensar muito nele, não sei se está fazendo sentido pra quem lê ou se é só um surto meu.
A questão é: seria tudo mais fácil se pudesse ser compreendido sem dor ou se houvesse um botãozinho vermelho (sempre vermelho) com o qual você pudesse selecionar seus pensamentos e desejos. Mas não é bem assim. Se alguém aí consegue aceitar as coisas numa boa sem ficar remexendo a ferida pra ver até onde vai, por favor, me avise! Porque aí vou saber que sou um alien mesmo... e um alien masoquista!




Postagem realmente correndo, prometo que melhoro!

Para comunicar seu nível de sado-masoquismo, indicar livros de auto-ajuda para compreensão da mente insana humana ou me xingar pela falta de atualizações, utilize o campo de comentários abaixo.

A Máscara

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

levantou-se. parou frente ao espelho. ficou. enfim, não sabia quem era aquela que fitava-lhe com grandes olhos, parecendo esperar ansiosamente por algo, por alguma resposta. sentiu-se intimidada. afinal, o que responder?. sabia que era um reflexo, ou assim parecia, mas não estava muito certa disso. tentou organizar sua mente, por onde começar?. eram tantas coisas que bombardeavam seu pensamento que sentia que não podia nem ao menos estabelecer prioridades. sabia muito bem como queria que as coisas fossem. mas num mundo preto e branco não existem muitos elefantes cor-de-rosa. mas é claro... sair! por que não pensou nisso antes?. o ônibus balançava mais do que o normal... olhou todas aquelas pessoas e por um momento imaginou quais seriam os seus problemas, suas preocupações... ora, ela já tinha muito o que ocupar a mente, tentou não pensar na vida daqueles personagens desconhecidos... "mas, e se eu gritasse agora mesmo? alguém notaria a minha presença?". ao fim da tarde, sim, um passeio e tanto... mexeu tanto com seu espírito quanto o jogo de xadrez que (por algum motivo) passara na tv alguns dias antes. triste. por que o telefone não toca?. mais uma vez foi até o espelho, a mesma garota, os mesmos olhos, a mesma ânsia. algo novo porém: "você está feliz assim?". puxa, que pergunta mais impertinente. sabia o quanto era feliz, mas não se sentia feliz naquele momento. queria mais. queria mais e sabia disso, mas também sabia que não conseguiria. abriu o armário, lá estava ela, sua máscara de todas as noites, todos os dias. à ela podia-se atribuir o conformismo, um conformismo com uma pitada de amor e felicidade (sim), mas ainda assim um conformismo. a vestiu. é, o telefone não tocou, mas ouviu-se o som das teclas.


fim.


Escrevi isso no dia 29 de junho de 2006.
A pontuação estranha e ausência de letras maiúsculas é proposital.
Eu vou escrever algo decente e recente, juro. É que hoje, especificamente, meu dia foi uma loucura e esse texto antigo até que veio a calhar.


Para sugestões de novos temas e doações de novas máscaras utilize o campo de comentários abaixo. Obrigada.

“Se foi pra desfazer, por que é que fez?”

domingo, 1 de agosto de 2010

“Às vezes quero crer mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
se foi pra desfazer, por que é que fez?”
Vinicius de Moraes


Eu tenho a terrível mania de querer tudo “certo” na minha vida. As coisas precisam ter uma sequência e explicação lógica. Se foge do meu controle eu fico louca, perdida. É por isso que esse trecho do Vinicius faz total sentido pra mim. É pura insensatez.
Os que me acompanham um pouco podem ter idéia de como foi tudo uma loucura pra mim esse ano. Mudança de cidade, volta para a casa dos meus pais, relacionamentos que não deram certo (embora "dar certo" seja uma questão relativa). Coisas feitas e desfeitas, planos que começaram e não acabaram. E a sensação que fica é exatamente essa: “se foi pra desfazer, por que é que fez?”.
Porém, com o tempo, a gente percebe que nem tudo vai ter uma explicação do jeito que a gente quer. E aceitar as coisas sem entender nem sempre é uma fraqueza, muitas vezes é dar a chance de seguir em frente. [Acredite, é muito difícil pra mim falar isso].
Aceitar o que não quer às vezes passa a impressão de que está de acordo com aquilo. Não é isso. É apenas aprender a jogar com as cartas que vieram.
Nossos planos nem sempre dão certo, e na maioria dez vezes (atenção: maioria!) a “culpa” simplesmente não é nossa. Não que alguém seja, de fato, culpado. Acontece que a todo momento nossa vida é preenchida com relacionamentos. Não digo relacionamentos amorosos apenas, qualquer tipo de relacionamento, família, amigos, colegas, conhecidos... Somos rodeados de pessoas, novas e antigas, sem nem nos darmos conta disso. Cada pessoa é um universo. Um universo de pensamentos, de planos, de idéias. E nem sempre o universo do outro está de acordo com o nosso.
Um dos trechos do livro “A Cabana” que eu mais gosto é um que diz assim: “a maioria das nossas feridas têm origem em nossos relacionamentos, o mesmo acontece com as curas”.
Eu acabei sendo meio que obrigada a aprender que eu não posso querer procurar um motivo em tudo e esperar que meus planos sempre se concretizem, principalmente quando envolvem outros “universos”. E descobri que a sensação de poder aceitar algumas coisas é muito revigorante.
Eu sinceramente não sei se acredito em “destino” (aquele de que “já está tudo escrito e blábláblá”), toda vez que paro pra pensar nisso acabo chegando num nó paradoxal e desisto. Acho que cada um é capaz de mudar a própria vida, mas ninguém tem muito controle de onde as consequências vão parar. Então, com relação aos planos e frustrações, o que devemos fazer é jogar a idéia, saber o que queremos e ir atrás, se vai dar certo ou não, impossível saber. Mas o importante é cada um fazer a sua parte, o resto a vida toma conta. E nada nessa vida é permanente.
Para todas as desilusões precisa haver uma aceitação, para aí sim, seguir em frente e fazer o que deve ser feito.
O emprego não deu certo? Procure por outro.
O curso escolhido não era o que se esperava? Troque.
O bolo desandou? Coma a cobertura.
O relacionamento terminou e machucou? Relaxa... logo vem outro que te cura.


Para uma palavra de apoio, histórias de desilusões e propostas de emprego utilize o campo de comentários abaixo.


PS: é claro que sempre tem as críticas. Tentarei levá-las de forma construtiva. Falaram para eu não usar CAPSLOCK nos textos, então, por uma questão de estética tentarei evitar isso. Thanks.
Tem mais uma notinha nos comentários.