Luluzando

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Já imaginou sua beleza, performance, papo e inteligência sendo avaliados publicamente?



Tem coisas nessa vida que a gente precisa testar pra saber. A maior novidade de todos os tempos da última semana é o app feminino "Lulu", diz a lenda vindo de "Luluzinha", ou "clube da Luluzinha".

Pra quem não sabe ainda, é um aplicativo para "avaliar homens" sob a fachada corporativista feminina de que é importante as mulheres saberem onde estão pisando. E eu só digo uma coisa: isso é errado em tantos níveis! Vou me explicar.

A ideia das criadoras era de que as usuárias - no feminino, pois apenas mulheres conseguem acessar o app - fossem realmente sinceras e dessem informações reais sobre homens que já ficaram, tiveram um affair, rolinho, namoro etc. Para que as pretendentes soubessem o terreno onde pisam. Não que estivesse bom dessa forma, mas é óbvio que a coisa não acontece bem assim. Muita gente cai na brincadeira, faz avaliações sem nem conhecer alguns homens e outras fazem péssimas avaliações apenas por vingança. Os homens - que podem solicitar ter o perfil removido do app - são avaliados em notas de zero a dez em vários quesitos, podendo identificar se já ficou ou namorou o cara. Além das avaliações também é possível descrever o "caráter", entre outras coisas mais, por hashtags boas e ruins. Algumas hashtags são bem explícitas, diga-se de passagem.
Algumas pessoas estão levando como uma simples brincadeira, mas o que parece ser divertido pra uns, pode virar o inferno de outros.

Pois bem, depois de reportagens e chuva de comentários a respeito no meu facebook eu resolvi dar uma olhada no tal app.
Baixei ontem, fucei por uns 10 minutos e apaguei logo em seguida pra nunca mais entrar. Achei super desagradável e invasivo. Eu imaginei inicialmente que as mulheres cadastrassem os homens e então eles seriam avaliados, mas não. É necessário entrar pelo facebook e então tcharan! Automágicamente todos os seus amigos e amigos de amigos e possíveis conhecidos estão lá. Todos possuem um perfil para ser avaliado, com a foto do facebook, onde estudam/trabalham e se são solteiros ou não.
Comecei a mexer na maior inocência e, de repente, eu tinha informações extremamente íntimas que eu definitivamente não queria saber. Quando eu digo que todos os homens estão lá, são todos! Estão meus amigos, conhecidos, meu namorado, caras que trabalharam comigo e foram meus superiores, pais de amigas minhas, enfim, acho que deu pra entender o nível de "desagradável" que eu quis dizer.
Ainda é pequena a quantidade de perfis que foram avaliados com relação ao total, embora alguns dos meus amigos tinham muitas avaliações (por volta de 60, 70). Alguns deles tem namorada e eu fiquei imaginando o quão chato seria uma namorada lendo aquelas coisas - foi nesse momento que eu tive certeza de que iria apagar o app.
Além de uma fonte de ciúmes inesgotável para algumas mulheres, é extremamente invasivo aos próprios homens. Se um aplicativo desse nível, só que com o público feminino sendo avaliado, vira moda, nossa! Vão chover críticas e mobilizações feministas de todos os lados. Onde já se viu homens avaliando mulheres com palavras baixas pra todo mundo ver, dando nota de performances, etc. Que coisa mais machista e absurda!...
Mas não é questão de ser feminista ou machista, simplesmente não deve existir.
Tudo isso analisando apenas a questão da privacidade.


Agora vamos supor por um minuto que a ideia do negócio é boa e que todas as moçoilas estejam lá a fim de avaliar de forma sincera seus últimos casos e outras estejam mesmo vendo se seus pretendentes valem a pena.

Meu Deus, em que mundo isso poderia funcionar? Por que um cara deu mancada com você ou não te ligou no dia seguinte, ele agirá assim com todas? Como se você mesma, mulher que reclama tanto da raça masculina, nunca tivesse dado mancada com um cara antes. Ou quisesse namorar todos os que já ficou.
Cada situação é única, cada relacionamento é novo e cada encontro é uma surpresa. Vamos fazer o favor de conhecer as pessoas, de fato, ao invés de tentar decifrar quem elas são e julgar?


De qualquer forma, sei que alguns gostaram da ideia.

Aos meus amigos homens que, assim como eu, não gostaram, lembrem-se que podem solicitar a remoção do seu perfil.
Às amigas mulheres comprometidas, deixem isso pra lá.
Às amigas mulheres solteiras, prestem atenção. Entrar na "brincadeira" é uma coisa, levar a sério o que lê é outra.


Casamento não é pra você

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Seth e Kim

Vez ou outra eu entro em algumas discussões ou conversas com amigas que simplesmente não querem se casar e/ou ter filhos, ou apenas optaram por deixar para pensar nisso num futuro muito distante - que não sabem se irá chegar.
Não entrarei no mérito da discussão da importância de se casar e constituir uma família. Entendo - embora não de uma maneira prática - que algumas pessoas não o desejem.
Mas gostaria de compartilhar um texto muito lindo que li hoje e que realmente me fez refletir e acho que outros podem gostar tanto quanto eu.
Segue:

"Depois de ter sido casado apenas um ano e meio, eu recentemente cheguei à conclusão de que o casamento não é pra mim.

Agora, antes que você comece a fazer suposições, continue lendo.

Conheci minha esposa na época da escola, nós tínhamos 15 anos. Nós fomos amigos por dez anos até que... Até que decidimos que não queríamos mais ser “apenas amigos”. :) Eu recomendo fortemente que melhores amigos se apaixonem. Os bons momentos serão para todos.

Porém, me apaixonar pela minha melhor amiga não me impediu de ter certos medos e ansiedades quanto a me casar. Quanto mais Kim e eu chegávamos perto da decisão de um casamento, mais eu me enchia de um medo paralisante. Eu estaria pronto? Eu estava tomando a decisão certa? Seria Kim a melhor pessoa para eu me casar? Ela me faria feliz?

Então, em uma fatídica noite, eu compartilhei esses pensamentos e preocupações com o meu pai.

Talvez cada um de nós tenhamos momentos nas nossas vidas em que parece que o tempo passa mais devagar ou o ar fica parado e tudo ao redor parece diminuir, fazendo daquele momento inesquecível.

Meu pai dando sua resposta às minhas preocupações foi um desses momentos. Com um sorriso ele me disse: “Seth, você está sendo completamente egoísta. Então eu direi isso de uma forma muito simples: casamento não é pra você. Você não se casa para ficar feliz, você se casa para fazer o outro feliz. Mais do que isso, seu casamento não é para você mesmo, você se casa por uma família. Não apenas para os seus sogros e aquele bando de gente, mas pelos seus futuros filhos. Quem você quer que te ajude a criá-los? Quem você quer que tenha influência sobre eles? Casamento não é pra você. Não é sobre você. Casamento é sobre a pessoa que você ama”.

Este foi o exato momento em que eu soube que a Kim era a pessoa certa para eu me casar. Eu percebi que eu queria fazê-la feliz; vê-la sorrir todos os dias, fazê-la rir todos os dias. Eu queria fazer parte da família dela, e minha família queria que ela fizesse parte da nossa. E lembrando de todas as vezes que eu a vi brincando com os meus sobrinhos, eu soube que ela era a pessoa com quem eu queria construir uma família.

O conselho do meu pai foi ao mesmo tempo chocante e revelador. Foi na contramão da “filosofia Walmart” de hoje em dia, onde se você não está feliz com algo pode simplesmente devolvê-lo e pegar um novo.

Não, um verdadeiro casamento (e um verdadeiro amor) nunca é sobre você. É sobre a pessoa que você ama – seus desejos, suas necessidades, suas esperanças e seus sonhos. O Egoísmo questiona “O que eu ganho com isso?”, enquanto o Amor pergunta “O que eu posso te dar?”.

Um tempo atrás minha esposa me mostrou o que significa amar sem interesses. Por muitos meses meu coração estava endurecido com uma mistura de medo e ressentimento. Então, quando isso chegou a um ponto em que nenhum de nós podia mais suportar, as emoções entraram em erupção. Eu estava insensível. Eu estava sendo egoísta.

Mas, ao invés da Kim se juntar ao meu egoísmo, ela fez algo além de maravilhoso – uma demonstração de amor. Deixando de lado toda a dor e angústia que eu causei, ela carinhosamente me tomou nos braços e acalmou a minha alma.

Eu percebi que eu havia esquecido o conselho do meu pai. Enquanto o papel da Kim no casamento tinha sido me amar, meu papel no casamento tinha sido sobre mim mesmo. Essa terrível constatação me deixou em lágrimas, e eu prometi à minha esposa que eu tentaria ser melhor.

Para todos os que estão lendo este artigo – casados, quase casados, solteiros ou namorados – eu quero que você saiba que o casamento não é para você. Nenhum relacionamento verdadeiro baseado em amor é para você. O amor é sobre a pessoa que você ama.

E, paradoxalmente, quanto mais você verdadeiramente amar aquela pessoa, mais amor você irá receber. E não apenas da pessoa está com você, mas também de seus amigos, sua família e milhares de outras pessoas que você nunca teria conhecido se o seu amor tivesse permanecido egocêntrico.

Na verdade, o amor e o casamento não é para você. É para os outros."




O texto é uma tradução livre minha. Para quem quiser ler o texto original, segue:

Polemizando...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013




Vamos falar de assunto polêmico??? Vamos!

Por dois motivos:
1) Porque estou entediada e preciso de uma discussão acalorada.
2) Porque entrei no assunto numa postagem no facebook e comecei a escrever um monte. Ando sem criatividade, o blog tá parado e pensei: "por que não?".

Então, vamos falar sobre aborto. Se você quiser parar de ler por aqui, fique à vontade. O "x" lá de cima é a serventia da casa. Se você quiser continuar, vamos fazer um combinado. Você me respeita e eu te respeito, e se for fazer algum comentário pense nele antes.

Pra começar, vou reforçar algo que todos já sabem: eu sou cristã.
Eu prezo pela vida. E eu sou contra o aborto. Acho o aborto algo terrível e triste, muito triste. Mas acho igualmente triste ver criança sendo mal tratada, abandonada, morrendo de fome e mulheres morrendo em cima de uma mesa suja porque faltou uma coisa pra elas: informação.

Não só os cristãos, mas gente de muita religião e outros grupos fecham o olho pra muita coisa para não ferir seus ideais. Não podemos fechar os olhos para a realidade. E a nossa realidade hoje é: o aborto existe. Seja você a favor dele ou não.
A mulher que coloca na cabeça que a melhor - ou única - saída para ela é abortar, vai fazer isso, não importa como. A diferença é que quem tem dinheiro vai fazer isso "direito" e vai sair ilesa. A mulher pobre muito provavelmente vai morrer ou ficar com sequelas pelo resto da vida. E eu nem preciso dizer quem ganha como maioria no grupo.
Nos restam duas opções: dizer que o aborto é um crime, que você tira uma vida e não podemos aceitar isso, ponto final, ou aceitarmos que a realidade é essa e discutirmos formas de resolver a situação. Não estou dizendo que o aborto legal é a melhor saída, apenas que não podemos nos fingir de tontos.

Eu ainda não tenho uma posição formada sobre o aborto no Brasil. Só acho que muito se fala, sabendo pouco. Eu nunca vou "defender" o aborto. Mas acho que a descriminalização é altamente passível de discussão. Não acho que o aborto deva ser "aprovado" porque as feministas extremistas de plantão ficam berrando "o corpo é meu e eu tenho o direito de fazer com ele o que eu quiser". O corpo não é mais só seu, tem outra vida aí. Se vai tomar uma posição pelo aborto, que faça isso usando argumentos menos egoístas.

O que muita gente não entende é que "descriminalizar" o aborto é totalmente diferente de "liberar" o aborto.
Milhares de mulheres morrem todos os anos (e morrem junto seus bebês - ou fetos, se preferirem) em virtude de abortos clandestinos mal feitos.
Quando se fala na descriminalização do aborto, muita gente pensa que é uma coisa simples. Que pode servir quase como um "meio contraceptivo atrasado". Acham que é simplesmente ir até o posto mais próximo e tirar "aquele peso" da barriga.

Confesso que não estou a par das reais discussões políticas e propostas no Brasil sobre o assunto, não mais do que ouço nas rádios. E até gostaria que, se alguém souber a fundo sobre a discussão do tema pelo governo, deixe nos comentários. Mas independente disso, com certeza não é algo tão simples.
Em países desenvolvidos onde há a liberação do aborto, como por exemplo a Dinamarca, muito antes da mulher sair tomando abortivo ou o médico ir cortando a barriga, existe um acompanhamento médico e psicológico. Procura-se entender os motivos que fazem a mulher optar pelo aborto, aconselham, informam, procuram convencê-la do contrário, até mesmo dando outras alternativas, como deixar o filho para adoção, por exemplo. E somente depois desse acompanhamento é que a mulher está liberada ao aborto, se ainda quiser.

Quando eu penso na descriminalização do aborto, penso nisso exatamente em prol da vida. Se todo o processo for feito do jeito certo, quantas vidas não podem ser salvas?
A decisão do aborto não deve ser algo fácil para uma mulher e fazer isso sem informação, sem acompanhamento e sem conhecer os riscos que está correndo é desumano. Permitir que isso continue acontecendo apenas para não ferir o nosso discurso de que "aborto é um crime/pecado", sem refletirmos no que isso causa é tão desumano quanto.

No entanto, a possível descriminalização do aborto, deve existir ao mesmo tempo que uma política estruturada, com qualidade na saúde, que consiga fornecer à população todas as informações necessárias e que acima de tudo preze por métodos contraceptivos e que a conscientização nessa direção seja sempre o foco.
Quando eu disse que não tenho ainda uma posição formada quanto ao assunto no Brasil é exatamente por esses motivos acima citados. Não quero dizer que no Brasil nada funciona, temos ótimos exemplos em que somos referência lá fora, como o combate ao tabagismo e a conscientização/prevenção da AIDS. Mas também sabemos que temos um histórico de ações que saíram pela culatra e, infelizmente, ainda temos muito o que melhorar nas nossas políticas públicas de saúde. Por isso, apesar dos motivos expostos quanto às vantagens da descriminalização do aborto, ainda tenho muito medo de como isso pode ser aplicado no Brasil. Tenho muito medo da possibilidade de virar bagunça, do processo de acompanhamento e informação não ser respeitado. Medo da ideal cultura contraceptiva acabar se tornando uma cultura abortiva. E aí uma ação que inicialmente deveria ter sido pela vida acabar virando uma coisa (mais) errada.

Resumo ideal: sonho com uma realidade em que as pessoas tenham consciência da utilização dos métodos contraceptivos e os usem. Sonho com um mundo em que apenas as mulheres que, de fato, desejam serem mães engravidem e possam criar seus filhos cheios de amor, como eles merecem. Sonho que a maternidade e a gravidez sejam duas coisas lindas e desejadas e não um peso, um problema. Sonho que mulheres tenham respeito pelo próprio corpo e por outra vida e assumam suas responsabilidades. Sonho com uma sociedade em que homens não tratem as mulheres como objetos e que "estupro" seja uma palavra que não precise mais existir.
Sonho com uma verdade feita de amor e não de sangue. Mas enquanto é a de sangue que existe, sonho com pessoas que não a ignorem.

Um papo mórbido

quinta-feira, 4 de abril de 2013


Cemitério Militar - Point Loma, San Diego, CA

Longe de mim querer ficar falando de morte. Quero falar de vida! Quero viver a vida!
No entanto, hoje vi uma notícia interessante – boa, ao meu ver – e de um assunto que eu já discuti algumas vezes em rodinhas aleatórias. A notícia é que já foi obtida a licença de operação do Crematório Regional na minha cidade. Nenhuma outra cidade próxima oferece esse serviço.

Não acredito que esse nosso corpo carnal tenha alguma validade depois que morremos. Morreu. É só um corpo, um pedaço de carne. A alma foi embora.
Pode ser que, ao longo da vida, eu venha a mudar de opinião. Mas hoje, pensando friamente, tenho total desapego ao meu corpo após a morte.
Dessa forma, não vejo nenhuma necessidade de “enterro”. Exceto, obviamente, as necessidades de higiene sanitária. Não vamos largar corpos por aí, ok?
Outro ponto que me deixa contra enterros: é um momento muito, muito triste. É muito doloroso para a família e amigos assistir a uma caixa sendo enterrada com o corpo da pessoa que você ama.
“Ah, Gabriela! Mas queimar o corpinho pode então? Não é triste?”. Não foi o que eu disse. Claro que é triste. A morte é triste pra quem fica, sempre vai ser. A perda é irreparável. Mas, convenhamos que é um momento desnecessário. Na cremação – ao contrário do que alguns desinformados pensam – você não participa do “processo” de cremação em si, não assiste ao corpo ser queimado. Tudo acontece em uma sala restrita. Lembrando que o velório é importante. Os vivos precisam desse momento. Para isso, os centros de cremação também contam com uma “sala de despedida”.
Ainda há preconceito quanto ao processo por falta de conhecimento das pessoas. Alguns acham que você simplesmente manda o morto pra lá e eles queimam.

Até agora levantei motivos subjetivos para a cremação. Mas há outras questões. Já pararam para pensar na questão de espaço? Por mais que eu pense, não consigo chegar num bom motivo pra ocupar um espaço de baixo da terra após a morte, dentro de uma enorme e cara caixa de madeira almofadada (?).
E o impacto ambiental? Um corpo leva em média dois anos e meio para se decompor, restando apenas os ossos. Esse processo de decomposição gera um composto líquido viscoso que pode vazar do caixão e atingir lençóis freáticos, dependendo das condições do cemitério. Humm, gostosinho consumir água contaminada com seu tataravô, né?!

Agora, falando do que realmente importa pra sociedade: o money no bolso.
Além da cremação ter as vantagens citadas acima é também um processo mais barato do que o enterro. Um jazigo comum, para quem não tem plano funerário, custa em torno de R$3900,00. O preço da cremação fica entre R$2,5 mi e R$5 mil (*).

E pra não dizer que eu não falei das flores, depois de tudo isso você ainda tem três opções para as cinzas: pode enterrar, pode comprar uma urna bonita e guardar ou pode até mesmo jogar em algum lugar importante para a pessoa em vida, como ato simbólico.

Em resumo, aproveitando o momento para deixar registrado: por favor, quando eu morrer quero que doem tudo o que for possível (desde órgãos em bom estado até cabelo pra fazer peruca, pincel etc) e o resto mandem para a cremação. O destino das cinzas, fica à sua escolha!

PS: um dos meus filmes favoritos da vida e que também fala sobre esse assunto, recomendo como inspiração de amor e superação: Tudo acontece em Elizabethtown

(*) Dados do Crematório Regional de Bauru

O poeta

segunda-feira, 11 de março de 2013




“O poeta pena quando cai o pano. E o pano cai.”

O dom do poeta é a dor
Sem dor não há palavras
Faz das lágrimas asas
Já viu poeta sem amor?
Já viu poeta feliz?
O amor não correspondido, não compartilhado, não dividido vira palavras no chão e giz

Como o palhaço que chora atrás do palco
Porque divertir é fazer poesia com o corpo
O poeta não escreve quando calmo

As palavras são amigas, inimigas, álibi e testemunha
“Viver ou inspirar?”, o poeta pergunta
Sentir. Para depois contar.

Bagageiro

terça-feira, 29 de janeiro de 2013




Um dos meus episódios favoritos de How I Met Your Mother é um em que o Ted fala sobre a bagagem pessoal que cada um carrega.
Acho que isso explica bem as diferenças entre um relacionamento adolescente e um relacionamento maduro. Não é que adolescentes se amem mais. Mas é muito mais fácil namorar/gostar quando se tem 15 anos do que quando se tem 25.

Considerando que a pessoa teve uma infância feliz e saudável, um pouco mais, um pouco menos – nos primeiros namoricos não há bagagem. É só você, o outro e os hormônios à flor da pele. Que bom seria poder viver sempre assim.
Acontece que em 10, 15 anos há um acúmulo de relacionamentos, de pessoas, situações, sentimentos, passado. Tudo isso pesa e pesa muito. Agora, entre você, o outro e os hormônios (nem tão atiçados) há também o trauma de uma traição no passado, uma ex namorada inconveniente, aquela música que um dos dois não pode ouvir porque era o tema de outro momento, o apelido que você não pode chamar porque lembra outra pessoa, as situações que precisa evitar pra não magoar ninguém, as fotos da formatura abraçada com outro e por aí vai. Isso sem contar a preocupação de tentar fazer diferente tudo o que deu errado antes e a grande mochila chamada “família”, que tem pra todos os gostos e loucuras.

Pode parecer bobeira vendo isoladamente, mas cada uma dessas pequenas coisas vai somando um peso enorme na bagagem pessoal. E aí fica cada vez mais difícil viver um relacionamento, de fato. Pois para isso é preciso compartilhar a bagagem e nem todo mundo está disposto a carregar esse peso.

Já tentou carregar uma mala e andar de mãos dadas com alguém ao mesmo tempo? É possível, mas uma hora cansa e você precisa soltar as mãos pra poder trocar de lado ou parar um pouco.
Cada um pode tentar carregar o seu passado de um lado, dar a mão pro outro e seguir, mas vai cansar. A melhor coisa a ser feita é cada um abrir a sua bagagem, deixar pra fora (esquecer) o que conseguir deixar, o que não faz diferença, e o que sobrar ambos colocam tudo numa mala só e carregam juntos.

O único jeito de viver um relacionamento feliz é saber aceitar o que o outro traz junto consigo. Com respeito. Isso não significa se anular pra aguentar o problema de outra pessoa. Significa apenas entender que tudo o que o outro já passou faz parte do que ele é e o preparou para estar onde está. E se ele está com você, aproveite isso.

As tias e seus votos de ano novo

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013



"Que em 2013 você arrume um broto bem bonito, viu?!"
São os votos de ano novo que recebi hoje.



Ai ai... As festas de fim de ano e a imensa alegria de ouvir repetidamente a velha pergunta "e cadê os namorados?". Sim, porque tia velha não se contenta em perguntar apenas, tem que perguntar no plural e pelo menos umas 3 vezes.
Regra geral: se meu namorado não está comigo é porque provavelmente eu não tenho um. Se por acaso eu tiver um namorado que não possa estar presente, em algum momento isso será levantado em algum dos assuntos dos tios, pais, avós, ou até mesmo eu posso comentar.

Mas tudo bem, faz parte do ritual. A pergunta dos namorados já faz parte da essência da tia velha, temos que aceitar. É tipo a piada do "pavê ou pacomê?". Se ninguém fala, não é natal.

O que me incomoda mesmo são os votos para o novo ano. Votos não de paz ou sucesso, mas para que se "encontre alguém".
Minha mãe até viu uma calcinha pra vender escrito "esse ano eu caso!".

Por favor, se for me desejar algo, me deseje sucesso, superação, crescimento, amadurecimento, felicidade, boas energias, que eu finalmente me forme... E acima de tudo me deseje PAZ. Mas não me deseje "alguém".
"Alguém" sempre vem. Todo ano eu conheço vários "moços bonitos". Mas nenhum deles adianta nada, significa nada, se eu não estiver bem comigo mesma.

Desculpe, eu não quero levantar nenhuma bandeira feminista. Mas quando a única coisa que a pessoa me deseja no ano novo é que eu "encontre alguém", levo isso como um insulto. É um insulto a tudo o que eu posso realizar por mim mesma. Por que eu necessariamente preciso de alguém?

De todos os "moços" que passaram pela minha vida, acho que muitos deles não estavam prontos pra mim. Mas eu com certeza também não estava pronta para alguns. E assim é a vida.

Eu só quero ter a certeza de que estou absolutamente bem comigo mesma antes de querer estar bem com outra pessoa. E que essa outra pessoa, quando chegar, também se sinta assim.

Então, em 2013 eu definitivamente não espero "encontrar alguém". Eu espero "me encontrar". E ir fundo em cada chance, cada possibilidade de crescimento que eu ver pela frente.
Estar em um relacionamento verdadeiro, ter alguém com quem se possa compartilhar a vida é um privilégio. E esse privilégio é uma consequência de boas escolhas que fazemos na vida. Não tem como ser a minha meta.
Não vai ser a minha meta. Então você também não precisa me desejar isso.