Inspira... Expira...

terça-feira, 10 de julho de 2012


Tom Hansen, no seu melhor estilo "surto silencioso"



Não desejo mal às pessoas. Porém, se há alguém que eu gostaria que levasse uns bons tapas é o abençoado que inventou que “a melhor maneira de se acalmar é respirar fundo”. Mais desejo ainda a quem tornou isso uma verdade universal.
Entendo que haja um fundo científico: “A respiração oxigena o cérebro, que te faz pensar melhor, acalma, blablabla...”
Mas, por favor, posso ter o direito de me acalmar de outra forma?

Particularmente, acho que todos deveríamos ter o direito de quebrar algumas coisas em certos momentos. Vai dizer que você nunca quis tacar um vaso na parede, no maior estilo madame da novela das oito!?
Acho genial a cena em que Tom Hansen aparece quebrando prato por prato delicadamente – ou nem tanto – no balcão da cozinha (vide 500 days of Summer).
Absolutamente linda e tocante, Denise Fraga jogando os ovos na parede durante a discussão com o filho, no filme As Melhores Coisas do Mundo.

Infelizmente, esse tipo de reação não é aceitável socialmente. A maioria das pessoas compreende que todos temos dias bons e ruins. E você tem todo o direito de expressar seus maus sentimentos, desde que essa expressão se resuma à um surto minimalista de dez respirações, obrigada.
O máximo que ainda pode ser aceitável – dependendo do quanto o seu problema pareça ruim aos outros, não a você – é, talvez, um ou dois berros.
O que é isso? Eu quero o meu direito de surtar!

Quero poder jogar minha caneca de cerâmica no chão, com todos olhando, e não me acharem louca por isso. Não estou incomodando ninguém, eu mesma terei de recolher os cacos, visíveis ou não.

Quebrar as coisas é uma atitude libertadora.
Você já está quebrado. Por que não tirar isso de si e jogar num objeto? Literalmente.

Um desejo particular é um belo armário, com uma plaquinha contendo os dizeres: “Para surtar”. Dentro dele, uma coleção de objetos quebráveis – facilmente ou não. Todos os tamanhos e formas, bonitos e feios.
Já imaginou o tanto de estresse que pouparei aos meus filhos? Ao invés de um tapa e gritos intermináveis, é só ir até o armário, encontrar o objeto apropriado... e quebrar.

A quem nunca tentou, boa sorte. Garanto que o efeito calmante é muito mais rápido do que o velho “inspira, expira...”.