Uma quarta-feira comum

quinta-feira, 5 de novembro de 2015


Hoje é quarta-feira. Já é quase meia noite e amanhã é um dia normal de trabalho.
Estou sentada no sofá e tem uma pequena árvore de natal do meu lado. Casa.
Eu escrevo da sala e tem alguém trabalhando no quarto. Numa quarta-feira comum. Meu amor está aqui.

Estou iniciando um novo projeto pessoal, me distraí e acabei lendo textos antigos perdidos no blog.
Casa. Quanta coisa mudou.
É difícil encontrar inspiração quando a gente se sente tão... completa!
Há 3 anos eu sentia uma raiva sem tamanho. Raiva de mim, raiva dele, raiva dos outros. Jurei que ia esquecer e nunca mais queria ver nem pintado a ouro. E agora ele está aqui, há menos de 10 passos de distância. Numa quarta-feira comum.

Há 7 anos eu estava encantada com a minha iniciação científica na faculdade e queria dedicar a minha vida fazendo pesquisa para Química Médica. Quatro anos depois eu dei pulos de alegria porque tinha finalizado as minhas disciplinas práticas e eu não ia mais precisar fazer mil relatórios. E hoje eu estou pensando seriamente em fazer uma pós-graduação em Marketing ou algo do gênero.
E estou aqui fazendo contas de como eu posso pagar isso. Numa quarta-feira comum.

Há 10 anos eu tive uma fase hippie e achava lindo coisinhas naturais e bijuterias artesanais. Saia longa e rasteirinha de couro, por que não?
Agora estou aqui, pensando em que roupa vou usar no workshop que tenho amanhã. Provavelmente uma blusa bonita e um sapato de salto. Com certeza nenhum adereço artesanal. Numa quarta-feira comum.

Nunca sei se são as circunstâncias que mudam, ou se sou eu.
Ontem ao sair do metrô tinha uma moradora de rua, não era a primeira vez que eu a via. Daquelas que dá um incômodo na gente de olhar, uma mistura de dó com não saber o que fazer. Passei por ela, mas depois de alguns passos dei meia volta. Deixei o que eu tinha de trocado - menos de 2 reais, e uma pequena palavra de "Deus te abençoe", esperando que ela entendesse como um desejo sincero e não um deboche. Não fez nenhuma diferença pra mim, mas talvez ela possa ter tomado um café ou comprado um pão.

A questão é: observando todas essas mudanças na minha vida, todas as mudanças bobas em mim, hoje eu gostaria de ter deixado mas dinheiro, de ter feito algo a mais.
Eu posso não ser a mesma pessoa que era há 2, 5 ou 10 anos atrás. Mas como quer que tenha acontecido cada pequena mudança sutil, eu estou aqui. Em casa, com uma árvore de natal do lado e alguém que me ama me fazendo companhia.
Para algumas pessoas as mudanças não são tão sutis e nós nunca saberemos. É bom lembrarmos de cuidar uns dos outros.
Não sei onde eu estarei numa outra quarta-feira comum.

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