O Natal, a (in)(e)volução dos brinquedos e crianças que crescem demais

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012




“E então é natal... e o que você fez?[...]” La La La La...

Tudo começou quando resolvi escolher e adotar uma cartinha do projeto “Papai Noel dos Correios” (*). Depois de ler várias, rir com algumas e querer chorar com outras, acabei escolhendo a cartinha muito fofa de uma menininha de 8 anos, chamada Geovana. Ela pediu uma boneca e uma roupinha para passar o natal. Simples assim, não especificou nada. Logo pensei: “moleza”. Só que não.

Ontem fui ao shopping e resolvi já dar uma olhada nas bonecas. Milhares de opções, uma com mais apetrechos que a outra. Deixei pra lá. Hoje fui ao centro, crente que seria o melhor local. Conclusão do dia: não existe mais boneca “só” boneca. Todas elas fazem alguma coisa. Tem a boneca que come, a que fica doente, a que chupa pirulito, a que faz xixi, a que te ensina inglês, a que caga, tem de tudo. Menos uma simples boneca. E percebi que isso vale para muitos outros brinquedos também. Barbie de todas as profissões, Polly que vira de ponta-cabeça, carrinho que vira monstro.  Poxa, eu gostava das minhas simples bonequinhas que fechavam os olhinhos quando deitava e abria quando levantava – e aí levava uma pancada no olho e ficava torta.
Acabei comprando uma boneca que fala 10 frases e não fecha os olhos. Parece um bom negócio, mas no fim, estou preocupada que isso acabe frustrando mais a Geovana do que a deixando feliz. Imagina se ela aperta a barriga da boneca infinitas vezes por dia e a coitada para de falar em uma semana? Triste.

Agora o meu segundo problema. A Geovana pediu uma roupinha, ok. Mas a única informação que eu tenho dela é que ela tem 8 anos. Na minha infância essa seria uma missão muito simples. Todas as menininhas de 8 anos eram mais ou menos iguais, mais ou menos como eu. Magrinhas, um pouquinho mais altas ou mais baixas. Era raro ver alguma bem gordinha ou muito alta. Um vestido tamanho 10 resolveria o caso. No entanto, porém, toda via...  Não existe mais um padrão entre as crianças de hoje. Tem criança de 8 anos pesando 60kg, tem menina de 10 anos calçando 37 e com 1,70m de altura. E elas não são maioria ou minoria, simplesmente fazem número como todas as outras. Vou comprar uma roupinha tamanho 10 mesmo e torcer pra que a Geovana não seja uma explosão de hormônios e/ou gorduras.

Meu Deus, quando foi que a infância ficou tão complicada?


(*) Pessoal, a campanha Papai Noel dos Correios ainda está acontecendo! Se você não sabe o que é ou nunca participou, vá até a agencia de Correios da sua cidade – em Bauru na Rua Bandeirantes com a Gerson França – e pelo menos leia algumas cartinhas! Tenho certeza de que 10 minutos depois você já vai ter algumas separadas na sua mão sem saber qual pegar. São crianças carentes que todos os anos escrevem ao Papai Noel, com a esperança de realizarem o seu sonho e ganhar um presentinho! Você só precisa escolher uma, comprar o presente e levar embrulhado na agência, os próprios voluntários da campanha se encarregarão de entregar!
A quem interessar, vocês só tem até o próximo dia 14/12! Vamos fazer o natal de uma criança mais feliz!!!

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