Amor e outras drogas

terça-feira, 8 de maio de 2012



Não, não farei outra análise pseudo-crítica aqui. O título foi muito mais por falta de criatividade do que qualquer outra coisa ligada à sétima arte.


Cada vez mais me convenço de que o "amor" - ou seja lá qual palavra você prefira usar - poderia um dia ser extraído e destilado como uma droga. Uma droga de verdade. Daquelas que você compra na farmácia ou (espero que não) injete no seu braço, na calada da noite.
Neste momento da madrugada (durante o qual estou escrevendo) até cogito o quão estranho seria abordar este tema como minha tese de monografia. Mas voltando...

Uma vez no nosso corpo, o amor age literalmente como uma droga. Para bom ou para ruim. Dependendo da concentração e forma de uso.
E aí eu só posso chegar a uma conclusão: "Use com moderação. A persistirem os sintomas ou houver sinais de dependência, suspenda seu uso imediatamente".
Em resumo, o amor pode curar quase tudo, mas pode ferrar com tudo também.
E pode ser extremamente perigoso. Uma vez que sua overdose não mata (o sujeito), mas pode transformar-se em coisas que nada tem a ver com amor: ciúme, obsessão, dependência do outro, amargura, dor, brigas sem sentido etc.

E mais uma vez, como uma droga, não existe cura milagrosa. Seu único tratamento é a boa e clássica abstinência. Mas quem dera fosse tão simples quanto essa palavra grande.
É a única droga que causa tamanha dor e que mesmo assim você encontra em todos os lugares, sem sinal algum de desejo de veto, de criminalização por uso, nem mesmo por parte dos abstêmios mais sofredores.
Isso porque - droga maldita - foi criada para dar prazer até na dor.
Enquanto existir no corpo, por mais que seja impossível expressá-la além de lágrimas, seu viciado ainda sente, de alguma forma, alegria. Pois é agora a única forma de estar perto do objeto amado, de senti-lo e ainda poder dizer "amo".

Mas depois de tudo, depois da dolorosa abstinência e vencido o vício, se difere de todas as outras drogas por um pequeno detalhe: a volta do seu uso não é contra-indicada.
Até porque, ao voltar - na maioria das vezes - o usuário já tem certa consciência da posologia correta de uso. Outras vezes, não.
Fazer o que?! Uns gostam da cura. Outros, do prazer intenso e efêmero que só o vício proporciona.

2 comentários:

  1. Eu vejo esse tipo de amor aí descrito mais como um amor a si mesmo, não ao outro. Veja bem: Nós gostamos de como nos sentimos ao lado do outro e não do outro per si. Tanto que às vezes quando o outro faz algo que nós não gostamos o amor fica abalado. Se o outro resolve mudar de vida e nunca mais te ver você provavelmente o odiará mesmo que isso seja a melhor coisa que ele tenha feito. Então não era tanto amor pelo outro assim, era mais um amor por você mesma.

    Acho que também não podemos confundir amor com prazer. Amor não é só aquilo que sentimos quando tudo está no lugar. É possível que exista amor mesmo quando está tudo de pernas pro ar.

    A correria atrás dessa sensação é o que nos faz sofrer, achar que tudo deve ser como nós esperamos é o que nos faz quebrar a cara. A cura para o amor não passa exclusivamente por abstinência. Ela pode pegar a via de não esperar tanto de uma relação, deixar as coisas mais livres. Aí, quando as coisas mudarem teremos um espaço para nos mover.

    Para finalizar, acho que eu deveria definir o que eu penso que é amor, não é?
    Amor para mim é querer o bem para o outro.

    Um beeijo, flor.

    John

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    1. Querido John...
      Obrigada pelas palavras! Adorei!
      compartilho da sua opinião... Foi exatamente por isso que no inicio do texto eu escrevi "amor", entre aspas e itálico. Apenas não digeri a diferenciação durante o texto pois achei desnecessário com o foco...
      mas se você já leu um texto mais antigo, chamado "Querida reação química", lá eu falei sobre como encarar a paixão e não o amor, que é algo totalmente diferente...

      oh o link: http://www.bonecadebaunilha.blogspot.com.br/search/label/paix%C3%A3o

      beijos!!!

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